quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Sobre plantar...





Um dia eu me senti velhinha. 


Senti o meu corpo se movendo mais devagar, a mente calma, o coração pleno.


Pensei, então, nas sementes eu deveria plantar para colher esse nível de completude ao final da vida. 


Não havia outro caminho, senão ser autêntica e me doar 100% a cada momento, a cada atividade. 


Afinal, amargura e frustração jamais dariam os frutos que eu desejava colher.


Decidi, então, fazer as reformas necessárias para que eu pudesse manter o estado de presença e de respeito à minha essência. 


O meu objetivo era, “um dia”, estar inteira e confortável no momento presente – sem olhar para trás (em paz comigo e com o passado) e sem deixar para amanhã os movimentos que eu precisava fazer, como se hoje fosse o meu último dia.


Essa decisão mudou tudo e com ela veio o primeiro enfrentamento: naquele momento – apesar de ter uma vida perfeita - eu não estava inteira e confortável. 


O que é que faltava? O que estava errado?


Mudar a paisagem não era suficiente.


Mudar as pessoas não era suficiente.


Mudar de hobbies não era suficiente.


Mudar de dieta não era suficiente.


Percebi, então, que em qualquer lugar que eu estivesse, lá estariam todas as minhas questões. Simplesmente não era possível fugir de mim mesma e daquela coisa que se movimentava dentro de mim.


Era preciso olhar para a bagagem que eu carregava e, finalmente, desfazer as malas com o maior amor do mundo. Na parte mais profunda da mala mais cheia, estava ela: a essência!


Exuberante. Apaixonante. Reluzente. Radiante. Livre. Solta. Dada.


Desde então, ela é a única bagagem que eu carrego. Agora mesmo ela está sentada sobre os meus ombros, revirando os olhos, como quem diz: já podemos nos divertir?


Com ela semeio.


Com ela rego.


Com ela certamente colherei.


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