segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

A lição da berinjela






Eu plantei mudas de berinjela ao lado da batata-doce.

Havia, em mim, um pré-conceito sobre o tempo que as berinjelas demorariam para se desenvolver e como elas estariam dispostas no pé.

Um dia desses eu resolvi sentar no chão para entender onde estavam as batatas-doces e ver se era possível colher algumas sem prejudicar o crescimento das demais, e, quando olhei para o lado, havia berinjelas bastante crescidas nos pés.

É uma planta de folhas largas e os frutos nascem por baixo delas, o que os deixa imperceptíveis para olhos desatentos. Eu esperava que os frutos nascessem em outro lugar e em outro tempo, então me distraí nas minhas próprias percepções e expectativas.

Mas eu não estava no controle. 

Como uma das berinjelas estava com o tamanho bem adiantado, eu me apressei e a retirei do pé, ansiosa para mostrar a novidade para as crianças. Eu estava em êxtase com o tempo e a generosidade da natureza.

No fundo eu sabia que, ficando no pé, ela cresceria mais um pouco. Mas aquela bênção foi uma surpresa tão doce, que eu não resisti.

Mas o que eu poderia fazer com apenas uma berinjela? Precisaria de mais algumas, também de cebolas roxas, pimentões coloridos, orégano e muito alho.

No dia seguinte eu fui ao mercado e comprei tudo o que era necessário. Mas eu tinha compromisso e cheguei bastante tarde em casa – o que se repetiu nos dias que se seguiram.

Ela pereceu.

As bênçãos são, às vezes, tão maravilhosas e irresistíveis, que acabamos por apressar a sua fruição. Assim aconteceu, ainda não era o tempo correto.

Que sábia professora a natureza. Ensina sem dizer uma palavra. Oferece-se à nossa experiência e regozija-se com o aprendizado, mostrando que, no tempo certo, há, sim, fartura.

Precisamos, apenas, plantar e saber esperar o momento em que a maturação e o fluxo se encontram: quando a berinjela estiver graúda e houver planos para a sua fruição.

Certamente as outras berinjelas terão um final mais feliz. Assim me ensinou a berinjela que se colocou a serviço e, perecendo, pediu que eu desacelerasse, que eu não me apressasse em colher.

Agradeci, então, a todas as “berinjelas” que pereceram ao longo do caminho, preparando-me para as colheitas que viriam.

Tudo tem o tempo certo e, quase nunca, é o nosso.

Em profunda reverência, espero e confio.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

Chegou a hora de entrar em erupção






Muito tem se falado sobre ser verdadeiro e transparente. 

Justifica-se falando sobre a posição do sistema solar na Via Láctea, sobre a onda fotônica, sobre o pulso galáctico, sobre a Ressonância Schumann, sobre conjunção planetária, sobre o salto de consciência e a onda de despertar em massa, entre outros.

São apenas gatilhos.

No fundo é puro amor. O desejo e o plano do Criador, acontecendo de fora para dentro.

Estamos aqui para garantir que também aconteça de dentro para fora e, então, essas forças se encontrem e se potencializem.

A sinergia entre o desejo do Criador e o livre arbítrio do ser humano. Não há força mais poderosa que essa.

O universo está nos provendo dos meios necessários (externos) para que consigamos encontrar, internamente, a força motriz para o nosso salto de consciência: a autenticidade. Aquela assinatura só nossa.

Então, ser transparente e verdadeiro não significa despejar o seu julgamento sobre o outro e expor toda a sua insatisfação em face do seu comportamento, exigindo mudanças.

Significa voltar o seu olhar para dentro.

Significa permitir que toda essa energia velha e estagnada seja chacoalhada e agradecer por esse processo.

Significa posiciona-se como o agente de mudança da própria vida, antes de buscar revoluções externas.

Significa ser absolutamente sincero com você e perceber que nunca (nunca!) é sobre os outros.

Significa viver a sua essência e permitir que o outro viva a dele, que também é bonita.

Significa assumir plena responsabilidade sobre a sua vida e as escolhas que fez e faz.

Significa acolher o incômodo que o outro provoca como uma possibilidade de aprendizado – estão a serviço!

Significa olha para a própria vida com os olhos do ser soberano que, sim, pode viver conforme a própria natureza, que pode escolher diferente daqui para frente.

Significa respeitar a si próprio, amar a si próprio, acolher a si próprio – lindo e feio, feliz e triste, 5D e 3D, luz e sombra.

Significa não usar nada, nem ninguém, de bode expiatório. Jamais transferir responsabilidades.

Apenas quando nos acolhemos por completo, quando nos permitimos ser autênticos em qualquer situação, é que aprendemos o amor incondicional – que apenas extravasará de nós.

A desconexão com a própria essência custa muito caro. Fragmenta, separa, esvazia. Tornamo-nos dependentes, reféns do humor e da postura dos outros, da aprovação dos outros, da presença dos outros.

Precisamos tomar consciência de nós mesmos, da forma de agir e de reagir, das emoções e do corpo, das necessidades, das paixões, da dinâmica do dar e do receber na nossa vida.

Precisamos trabalhar o desapego e aqui eu me refiro à própria “imagem”. Liberar-se da preocupação com o que os outros pensam, o que os outros esperam, o julgamento, a crítica. Liberar-se do medo do novo, confiando nesse universo de amor cujo fluxo nos circunda. Liberar-se dos conceitos de certo e errado, para que o nosso agir não seja condicionado pelo medo da punição, do troco, do castigo – mas pela consciência e pelo discernimento.

Esse é o momento da nossa ressurreição. Renascer em vida, para a vida. 

Sobreviver não é uma opção para quem não cabe dentro de si.

Chegou a hora de entrar em erupção.