quarta-feira, 25 de julho de 2018

Selecionando Sementes




Eu sempre fui a favor de mergulhar nos sentimentos, de viver com intensidade os amores e as dores. Já que tudo passa, então que seja imediatamente vivido.

De repente isso tudo não faz mais tanto sentido.

Sinto, hoje, que essa ânsia por experiências faz com que nenhuma delas seja realmente compreendida. Surgem estímulos e mais estímulos, mas nenhum é exaurido.

Deixamos portas entreabertas, coisas e sentimentos mal resolvidos.

Deixamos o nosso foco voltado para fora, para o que estamos recebendo, reivindicando do outro que nos proveja com o que sequer oferecemos.

Acabamos perdendo o contato com o real significado da existência e nos tornamos inconscientes, reativos, sem responsabilidade.

Bombardeamos Gaia com as nossas emoções. Bombardeamos a grade. Bombardeamos uns aos outros.

Tornamo-nos obstáculos. Tornamo-nos resistência. Tornamo-nos rigidez. 

Faz-se necessário darmos um passo para trás em todas as situações que estamos vivendo. Precisamos fazer isso já, não há mais tempo.

É preciso que nos desliguemos emocionalmente das situações para encontrarmos o tão falado caminho do meio, para encontrarmos o nosso ponto de responsabilidade, para conhecermos a nós mesmos profundamente: precisamos ser o nosso próprio eixo e precisamos conhecer o nosso lugar no mundo – de forma que nada que o outro faça seja capaz de nos tirar de lá.

Manter a frequência e o centramento em meio a qualquer situação.

Dar o melhor que temos em toda e qualquer situação.

Cuidar do externo e do interno.

Viver a matéria e o espírito.

Talvez essa seja a chave para tornar mais leve a nossa passagem pelo Planeta.

Talvez essa seja a chave para tornar mais leve ao Planeta a nossa passagem por aqui.

Hoje, no Dia Fora do Tempo, observemos os nossos pensamentos. Observemos o que estamos nutrindo. Observemos como estamos alimentando as nossas relações. Observemos as sementes, pois amanhã é dia de plantio.

Olhemos para as nossas mãos: o que estamos oferecendo?

segunda-feira, 23 de julho de 2018

Eu Sou o que me encanta na escuridão.




* sugiro que ouçam essa música: 
https://www.youtube.com/watch?v=Hd_sf-skHLM&start_radio=1&list=RDHd_sf-skHLM



Eu escrevo, hoje, para ancorar sentimentos.


Eu sempre tive os olhos voltados para as estrelas.

Havia alguma coisa minha lá em cima, alguma coisa muito querida, muito cara. Havia, lá, alguma coisa que ultrapassava todos os valores e toda a lógica que eu conhecia.

Era mais um sentimento, que uma curiosidade sobre astronomia.

Um êxtase, uma atração incontrolável, não raro, seguida de lágrimas.

Então, certa vez eu pedi que me fosse permitido sentir a energia que harmoniza o Universo, que rege os planetas, que orquestra esse organismo. Enquanto eu me concentrava e respirava, o meu corpo foi desaparecendo. Quando eu inflava os pulmões, estrelas e planetas se movimentavam em expansão. Quando eu expirava, eles se aproximavam lentamente.

Eu era o próprio Universo. Ele estava todo dentro de mim.

Um momento de profunda conexão. Intraduzível.

O que me encantava na escuridão da noite, era eu mesma.

Era a curiosidade e o medo da minha própria imensidão. Era o receio de ver as minhas verdades absolutas e a minha intolerância se desmancharem em uma vastidão de possibilidades. Era o pavor de caminhar sozinha, desprovida de razão, de livros, de balizamentos.

Era, também, a chave para a minha próxima porta.

Eu mergulhei em mim e lá não era claro.

Ainda assim eu seguia sem parar e, a cada tanto, encontrava uma daquelas estrelas que eu admirava no céu. Muitas delas tinham se esquecido de quanto brilhavam (eu também tinha me esquecido)

Consegui identificar todos os planetas que faziam parte do meu sistema e também os efeitos que estávamos exercendo uns sobre os outros, desequilibrando as órbitas, invadindo espaços que deveriam ser vazios ou, em movimento de repulsa, transformando vazios em distâncias inatingíveis.

Confesso que, por vezes, também encontrei os anjos pelos quais eu clamava em oração.

Estavam todos aqui, orbitando a história que eu estou construindo – assim como eu orbito a história de tantos.

Então, revirei algumas memórias e percebi o quanto essas estrelas passam rápido por nós: elas viram apenas histórias e saudades.

Esse sentimento, devidamente ancorado em meus registros, é o de profunda gratidão à experiência na terceira dimensão.

Experiência que me possibilita encontrar e reencontrar a divindade em meio a tantos desafios, em meio a tantas relações, em meio a tantas distrações. Experiência de intensidade, experiência de escolhas, experiência de solidão.

Caminharei, até o final dessa experiência, pela estrada que melhor refletir a minha essência, que fizer maior a minha luz; permitindo que, de fato, eu enxergue as sombras que eu carrego e, quem sabe, ilumine os passos de quem caminha comigo.

Sigo respirando o Universo.

Sigo hipnotizada pelas estrelas... e por mim.


sexta-feira, 20 de julho de 2018

Em entrega...




Estamos imersos em uma realidade em que tudo parece compartimentado e polarizado.

É como se houvesse um ponto de atração em cada área da nossa vida, em cada sistema em que estamos imersos, com o fim de nos manter coesos. Pertencemos a eles sempre que nos identificamos com eles.

Defendemos religiões, ideias e pontos de vista. Agarramo-nos a verdades em busca de uma falsa sensação de segurança. Julgamos as percepções e crenças alheias, como se a experiência vivida pelo outro fosse capaz de invalidar as nossas próprias.

Somos incapazes de ler ou ouvir sem procurar pontos de divergência ou brechas para iniciar a nossa contraposição intelectual e verborrágica. Somos discordantes natos!

Esquecemos que o preto e o branco são extremidades da mesma coisa, assim como o são o claro e o escuro, o bom e o mau, o quente e o frio. Entre um polo e o outro, ligando-os, existe um imenso espectro de cores, dimensões e possibilidades – ressalte-se, todos divinos.

Nenhuma experiência e nenhum caminho são inválidos. Nenhuma experiência e nenhum caminho são errados. Nenhuma experiência e nenhum caminho são eternos.

Precisamos parar de qualificá-los e aprender a honrá-los e usufrui-los, entrando no fluxo da vida, na dança dos encontros, na brincadeira divina.

Precisamos nos olhar com olhos mais amorosos, para que possamos fazer o mesmo com o próximo.

Precisamos facilitar a nossa vida e a vida de quem nos rodeia. Por que tanta resistência ao experimentar do outro?

Ser humano é uma experiência desejada pela nossa alma – e isso envolve todas as possibilidades abertas pela terceira dimensão.

Tantas vidas, tantas histórias, tantas conexões.

Pisamos esta terra de todas as formas possíveis. Um dia rei, outro pastor. Um dia freira, outro feiticeira. Um dia homem, outro menina. Um dia monge, outro bon-vivant.

Hoje estamos aqui e, neste agora, somos a soma de tudo o que já fomos e de tudo o que seremos. Reunimos as características necessárias à nossa própria evolução e estamos amparados por todo o Universo. Nós somos o próprio Universo - cada um de nós.

Quando conseguimos abandonar os compartimentos e as nossas certezas, quando compreendemos que as polaridades são partes da mesma coisa, quando paramos de observar com julgamento as nossas experiências (e as dos outros), vamos nos desfragmentando e permitindo que o incrível seja uma manifestação constante.

Assim, eu acolho a minha vida com amor e responsabilidade.

Assim, eu encontro o meu centro e entro em estado de entrega.

Assim eu liberto quem participa desta experiência comigo.

Somos Um.