quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Sinestesia!





Sou sinestésica.

A não ser que uma situação desperte os meus sentidos, ela não será gravada.

Eu não lembro de detalhes, mas percebo mínimas alterações de padrão comportamental: no tom de voz, no jeito de olhar, na pressão do abraço.

Vivo da associações de planos sensoriais. Sou cheiros, gostos, lugares, sentimentos, sons. Todos eles trabalham de forma harmônica e fazem de mim uma poesia ambulante.

Eu penso poesia. Falo comigo mesma em poesia. É tudo profundo e absorvido de forma alheia à minha consciência. 

O dia a dia acontece pra mim como música clássica e os dias fora da rotina surgem como noites no rock!

Algumas pessoas têm cheiro de chimarrão, outras me dão vontade de comer sashimi, outras me aquecem e me dão sede (simplesmente porque me trazem à memória dias de verão e copos cheios de gelo). Sorvete de bola me lembra phrasal verbs e até cheiro de cocô de vaca - pasmem!! - me traz profunda alegria e euforia... e só eu sei o porquê.

É assim que eu sinto todos vocês - e não os vejo. 

Não sei que roupa vestiram, nem se cortaram o cabelo. Mas sei que me meu nome está seguro nas suas bocas. Sei que me fizeram rir, ou que me ampararam no choro. Sei que me dão segurança, ou que querem uma mãozinha. 

Eu sei.

Isso me faz muito especial, sou abençoada com conjunções sensoriais fantásticas, que me fazem sentir o mundo e as pessoas em vez de simplesmente vê-las.

Estou conectada. Sem parar.

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