Eu sempre escrevi.
Era a melhor forma de colocar os meus sentimentos e pensamentos em ordem.
Escrevendo eu consigo identificar com mais clareza os meus padrões e condicionamentos, consigo expressar os meus sentimentos. É como um carinho que eu faço em mim mesma. É o momento que a mente reverencia a essência.
Tudo o que eu vejo toma forma de palavra. É como se cada situação que eu vivo fosse um grande ímã que atrai para si as palavras perfeitas - palavras que dançam na minha mente até que eu as organize em texto.
Um dia, por puro desabafo, resolvi compartilhar os meus pensamentos em uma rede social. Para a minha surpresa, a questão que me afligia era compartilhada por outras pessoas.
Passei a verbalizar com mais frequência e a compartilhar as minhas percepções - que nem sempre eram cor-de-rosa. Todas elas guardavam correspondência com alguém. Todas elas serviam a mais alguém, seja para estimular o enfrentamento do problema, seja para trazer uma nova perspectiva.
O ego esperneava e dizia: quem se importa com isso? Quem quer saber da sua vida? Vai ficar se expondo para servir de chacota?
Mas o coração insistia! E quanto maior a exposição, quanto maior a sinceridade, maior era a conexão.
Não havia distância, não havia paredes, não havia pudores. De repente sentíamos juntos!
A exposição da minha verdade - ainda que só minha - abria um espaço de segurança entre mim e você. A minha coragem de verbalizar as minhas experiências acendia em cada um o desejo de se expressar (e essa dança adoçava cada minuto do meu dia).
Isso é puro pertencimento! Essa sensação crescia a cada mensagem, a cada carinho, a cada compartilhamento, a cada conversa.
Desde que honrando a nossa essência, somos instrumentos, somos chaves, somos as respostas que o outro precisa. Somos o abraço, somos a mão que levanta, somos o olhar de cumplicidade. E isso muda tudo.
Ter a coragem e a humildade de dizer: "eu já estive aí"; "quando aconteceu comigo, eu resolvi assim"; "havia uma lição para aprender"; "eu mudei o jeito de enxergar e a situação tomou outra forma".
A necessidade de parecer perfeito (aos olhos dos outros) é, para mim, uma patologia. É uma rejeição ao estado de "ser" humano. Uma armadura dentro da qual estão retidos todos os tipos de medo: não ser aceito, não pertencer, etc.
É justamente a aceitação da nossa imperfeição que nos torna grandes e, paradoxalmente, perfeitos.
Pois olhamos todas as nossas "falhas" e as ressignificamos como aprendizado. Pois encaramos as nossas culpas e elas passaram a se chamar gratidão. Pois olhamos todas as nossas dificuldades e, hoje, as honramos como chances de aprendizado.
Em vez de continuar sendo a personificação da perfeição (represando todos os seus medos e as suas vontades), você pode, em um movimento de profunda humildade, acolher-se como é e, pela primeira vez, enxergar-se de verdade, sem medo, sem pudor.
Garanto que não há NENHUM ser perfeito nesse planeta. Aceitando-se, passará a pertencer a um grupo muito maior: o dos que se respeitam, que honram a sua essência, que se observam e se curam.
Conhecer tudo o que te condiciona, o que te limita, o que te molda, o que te formata. Chamo isso de liberdade.
Vulnerabilidade é força, é humildade, é fé.
Humanize-se. Expresse-se. Conecte-se.
Nenhum comentário:
Postar um comentário