terça-feira, 9 de agosto de 2016

Só conhece a confiança quem não procura segurança



Confiança é mais que fé. É saber que, sem saber como.

Nada está sob controle. Nenhum plano. Nenhum relacionamento. Nenhum trabalho.


Mas ainda assim passamos a vida lutando contra a inconstância. Não aceitamos a morte, não aprendemos com o sofrimento, não nos entregamos aos relacionamentos.


Entramos em um jogo que nunca começamos a jogar, porque temos medo que ele termine.


Queremos garantias. 


Queremos alianças, papéis, filhos, bens. Tudo bem amarradinho, para que não seja fácil desfazer. Mas esquecemos que o maior motivo para ficar junto é viver um relacionamento que extraia o melhor de nós. Um relacionamento que nos faça generosos, alegres, sonhadores, desejosos. Pode ser que ele dure dois meses, pode ser que dure cinquenta anos. Querer estar é um presente, dever estar é um castigo.


Queremos uma velhice segura. Para isso colocamos o nosso foco no dinheiro que precisamos guardar. Trabalhamos duro e pagamos uma ou duas previdências privadas. Mas esquecemos que o que nos garante uma linda velhice é a qualidade da vida que levamos. A forma com que nos relacionamos com o nosso corpo, com o nosso coração, com o nosso espírito. Somos nós quem escolhemos as sementes, plantamos e cultivamos o que pretendemos colher na velhice... e não pode ser só a aposentadoria. Eu, particularmente, quero colher todos os olhares de cumplicidade que dei, todas as flores que ofereci mentalmente às pessoas, todas as mãos que estendi em generosidade, todas as palavras que escrevi e que foram capazes de acalentar um coração.


Precisamos começar a jogar! 


Precisamos compreender Lila, a brincadeira a divina da qual fazemos parte. Uma linda dança de peças - certos de que a única peça que podemos mover é a nossa! Mas que cada pequeno movimento nosso faz com que todas as outras peças à nossa volta se movam.


Conheça a sua peça. Reconheça o espaço em que ela se move. Identifique os movimentos repetitivos que ela faz e compreenda por que ela continua voltando para o mesmo ponto, para a mesma tarefa. Por que ela não consegue passar para a próxima casa? Qual é o aprendizado que ainda não foi absorvido?


Perceba que todas as peças, sem exceção, dançam no mesmo tabuleiro e fazem parte do mesmo jogo. Muitas delas estão aqui a convite, foi você quem as chamou para dançar.


Que tal começar aquela dança que só você sabe? 


Que tal confiar - de fato - na inteligência suprema que acompanha todos os seus movimentos e que torce profundamente para que você se perceba como senhor das suas experiências. Para que você, finalmente, consiga mover a sua peça com graça e leveza, deslizando pelo tabuleiro, em vez de enroscar a cada passo, em vez de se preocupar com o movimento do outro, em vez de tentar controlar os passos malucos do seu companheiro mais próximo.


Não se preocupe, todo mundo dança esquisito quando ninguém está olhando!


Lembre-se, é sempre o mais corajoso quem abre a pista de dança para os demais. Que tal puxar a próxima dança? 


Mova-se!

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