domingo, 25 de setembro de 2016

A lição da amoreira

 
 
Estive pensando sobre o meu gosto pela escrita e sobre a forma com que eu vejo as coisas, que eu acolho os sentimentos. E questionei: o que há de interessante nisso, além de ser a minha forma particular de ver as coisas? Será que, realmente, o meu ponto de vista serve para alguém?
 
Então, caminhando pelo parque, domingo no fim da tarde, passei por uma amoreira - pela qual já haviam passado milhares de pessoas nesse final de semana. Pensei: é lógico que não restaram amoras maduras.
 
A primeira vista, de fato, não havia.
 
Como de costume, cheguei mais perto. Mais perto.
 
Como de costume, mudei o ângulo. Mudei de novo.
 
Por trás do que ela mostrava e além do que todas as outras pessoas foram capazes de enxergar, havia, sim, amoras maduras, escondidas atrás de algumas folhas.
 
Podemos, todos, percorrer o mesmo caminho.
 
Enquanto uns se contentam com o explícito e com o superficial, outros dedicam um pouco mais de tempo aos detalhes e sentem prazer em trazer à luz a doçura outrora escondida, em desembrulhar presentes, em desatar nós.
 
Entendi que, ainda que para alguns o que eu escrevo seja repetitivo ou óbvio demais, para outros pode ser a chance de ter acesso a um ponto de vista que jamais acessaram.
 
A resposta da amoreira era simples, mas não era óbvia: o meu olhar foi diferente de todos os outros que a olharam!
 
A escrita me coloca a serviço do ser humano, a serviço do Criador, a serviço da minha essência.
 
Presença. Tempo. Conexão. Bênção.
 
Jamais ficamos sem resposta. Talvez apenas a procuremos vestida de dourado e adornada com pisca-pisca, quando ela se reveste de percepção, silêncio e da mais absoluta simplicidade.
 
Agradeço com a ajuda de Da Vinci: "A simplicidade é o último grau da sofisticação."

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