Algumas pessoas
passam por momentos em que anseiam fortemente por encontrar sentido na existência.
Outras pessoas, contudo, convivem com o dilema do sentido. Não o enfrentam eventualmente, mas diariamente.
Essas pessoas mergulharam, algumas muito novas, nos mistérios da vida, encararam as farsas do mundo e incontáveis frustrações. Estudaram as religiões, buscaram informações, tocaram textos antigos.
Seus olhares e ouvidos aprenderam a jamais repousar sobre as aparências e sobre o barulho, infiltram-se no subjacente.
Afinal, qual é o sentido da vida, no estado em que a observamos? Talvez a resposta obtida por meio da observação e da pesquisa não seja a mais agradável.
Afinal, a vida humana é muito curta, a realidade é preocupante e estamos sempre ocupados. Cumprimos as nossas tarefas quase roboticamente.
Tornamo-nos incapazes de observar os cenários e de filtrar as informações – quiçá destrinchá-las, digeri-las e devolvê-las ao mundo enriquecidas com a nossa própria percepção.
Servimo-nos de muletas, de justificativas que nos permitem estacionar e evitam que assumamos a responsabilidade pelo desenvolvimento humano.
E é exatamente nessas condições que buscamos respostas e, quase sempre, contentamo-nos com o que as religiões nos oferecem.
Terminamos o dia – e, não raro, a vida – com a imagem de um ser humano pequeno, pressionado pelas inúmeras preocupações e variáveis da vida, pecador, culpado.
Esmagados pela realidade observável e pelas histórias que nos fazem acreditar.
Então, uma criança nos olha com olhos sorridentes, ergue os braços e pede colo.
Botões de magnólia surgem durante os dias de inverno.
Um filhotinho cambaleante vem em nossa direção.
O ser humano pequeno é tomado à força pela alma. Cuidar da vida desperta o eu divino.
O sentir muda o sentido, transforma o nosso olhar e quase nos faz entender que somos os construtores desse mundo em fase de acabamento.
Invertendo-se a perspectiva, o mundo deixa de ser responsável por oferecer um sentido à minha vida. A minha existência passa a ser um serviço ao mundo e eu passo a ser responsável pelo embelezamento da vida.
O ordinário é incrível.
Talvez, a pergunta a ser feita seja: Que sentido eu empresto à vida?
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