terça-feira, 6 de junho de 2017

A perfeição do ser!






Passei uns dias na Chapada dos Veadeiros. Melhor: durante alguns dias, eu vivi a Chapada dos Veadeiros.

Viajei sozinha. Foi a minha primeira vez. E foi muito desejada. 

Chego a dizer que foi a materialização de um sonho vivido a dois: por mim e por ela (que me chamava com muita insistência).

Eu estava completamente entregue, sem planos, sem expectativas. Poderia, apenas, sentar-me todos os dias e apreciar a paisagem. De dia e de noite. Eu e ela.

Lá eu conheci o mais profundo significado da palavra comunhão: TOMAR PARTE.

A natureza era esplendorosa: doce e feroz, calma e agitada, rasa e profunda. Mas, garanto, era ainda mais linda e plena quando éramos uma só paisagem.

Não seria tão linda se não houvesse rochas; não seria tão linda se não houvesse água; não seria tão linda se não houvesse vegetais; não seria tão linda se o vento não fizesse voar as partículas de água, formando, com os raios de sol, lindos arco-íris; não seria tão linda se não houvesse, lá, a Talita, em profunda simbiose, em fusão com o meio, emocionada, contemplativa, aberta ao mais puro receber.

Eu fui cachoeiras e águas calmas. Fui pedras e cristais. Fui Chapadas imensas. Fui vento. Fui muitas estrelas – confesso, fui a própria Via-Láctea.

A minha autenticidade e a minha entrega ao fluxo eram premiadas com conexões incríveis. Mostraram-me, vez por todas, que o respeito à própria essência é a chave mestra do caminho escolhido pela alma.

Não vi, senão beleza.

Não senti, senão pertencimento.

Não encontrei, senão irmãos.

Somos divinos. Somos amados e amparados. Somos parte (mas, sem nós, não há o “todo”). Somos o Todo.

Precisamos parar de fazer força. Esforçamo-nos tanto para ser alguma coisa, por que não nós mesmos? 

Quanta energia desperdiçada na manutenção de papéis sociais, personas, personagens. 

Quanta energia desperdiçada com apegos.

Quanta miséria afetiva.

Percebem quanto alimento oferecemos ao nosso eu sofredor, à nossa criança ferida?

Dentro de cada um existe uma criança que só precisa saber-se integralmente amada pelo que é (não pelo que pode vir a ser, não por quem é quando obedece, não por quem é quando atinge expectativas, não por tirar notas excelentes, não por estar bem vestida). 

Ela quer se sentir segura, brincar até cansar e, quem sabe, dormir sem tomar banho. 

Ela quer ser abraçada e olhada com cumplicidade.

Ela quer se desenvolver naturalmente, sem ser comparada, sem ser estandardizada, sem precisar se encaixar em um molde.

Olhe-se no espelho e ofereça a si mesmo aquele olhar pelo qual você vem esperando a vida toda – ninguém vai fazer isso enquanto você não fizer.

Aceite-se, acolha-se, ame-se. Ofereça-se integralmente a si mesmo. Dê o seu melhor ao seu bem estar, à sua felicidade, à sua plenitude.

Aos outros? Extravase! Derrame! Irradie! 

Chegou a hora de descobrir a imensidão de ser quem é.

* créditos da foto: Bárbara Zandomenico Perito

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