quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

Harmonia dentro, harmonia fora





Todos desejamos ver mudanças. Alguns de nós desejam até mesmo promovê-las, mas  nos faltam instrumentos.

Não sabemos exatamente o que fazer. Sentimo-nos ignorantes frente aos mistérios da manifestação.

Como tudo o que há, isso também tem uma razão de ser. A tão almejada liberdade para ser, para criar, para manifestar, é (e só pode ser) fruto de uma profunda lapidação interna.

Estamos em uma escola, na qual o tempo – do qual tanto reclamamos – é nosso parceiro. Ele nos concede a graça de podermos nos arrepender dos nossos desejos, tantas vezes fundados no ego e nos instintos.

Imaginem como seria se todos os nossos desejos tivessem sido realizados? Quantos deles teriam por base a vontade verdadeira da nossa alma e quantos teriam por base a nossa criança pirracenta, os desejos do nosso eu inferior?

Isso significa que tudo o que existe em nossas vidas é fruto de muita disciplina, de muita sustentação energética – consciente ou inconsciente (via de regra inconsciente, criações do ego para justificar as crenças limitantes que permeiam a nossa vida). Nenhum casamento, de repente, acabou. Nenhum ano da escola, de repente, foi perdido.

Perceber como participamos ativamente das manifestações da nossa vida, sejam elas boas ou ruins, é um ponto crucial para a nossa mudança de comportamento. Aqui reside a chave da autorresponsabilidade, a nossa passagem para longe da terra da vitimização, que nos mantém reféns dos nossos vícios e padrões.

O trabalho do Eu Inferior é obrigatório para que conquistemos a liberdade.

Em uma das obras do Pathwork, “O Guia” menciona que existem dois princípios básicos, os mais básicos de todos, que regem tudo o que há no universo. São a ativação e a aceitação.

A ativação consiste na ação deliberada, princípio ativo masculino. O ato de criar, de reivindicar, de provocar e direcionar uma força para uma finalidade.

A aceitação, ou princípio ativo feminino, nada mais é que o entregar-se, permitir o fluir da força posta em movimento, esperar com paciência e confiança.

Ambos os princípios estão presentes em todos os homens e todas as mulheres e não existe desequilíbrio de uma energia, sem que haja o desequilíbrio da outra.

O não agir, o terceirizar responsabilidade, o medo da vida, o fugir à prestação de contas, a submissão às vontades dos outros. Desequilíbrio.

O não confiar, o não saber esperar, o imediatismo, a ansiedade, a contenção do fluxo outrora posto em movimento, impedindo a manifestação. Desequilíbrio.

Conta, “O Guia”, que em muitas vidas nós acionamos as energias por meio de impulsos de agressividade, de brutalidade, de medo, e causamos muita destruição.

Assim, em outra vida, a fim de voltarmos ao equilíbrio, retornamos ao planeta com um grave desequilíbrio no outro aspecto, extremamente submissos, com a nossa força ativa completamente contida.

Quantas vidas mais sustentaremos desequilíbrios?

Quantas vidas mais temeremos as nossas próprias criações?

Quantas vidas mais nos recusaremos a assumir a responsabilidade pelo desenrolar das nossas vidas?

Estaria, o nosso inconsciente, ainda imerso em tanto negativismo, em tanta agressividade, em tanta hostilidade, para que tenhamos tanto medo dos nossos impulsos criativos?

Quais são os elementos que compõem a nossa psique? Onde tem estado a nossa atenção? Em que temos focado o nosso pensamento? Quais são os nossos gatilhos? Quais são os nossos excessos? Quais os padrões que reproduzimos? Podemos estar seguros em nossas criações, ou ainda há o que ser visto, limpo, purificado?

Essa é a hora. Não há mais tempo.

Eis o trabalho com a nossa energia masculina: readquirir segurança para o uso deliberado de uma força para uma finalidade.

Eis o trabalho com a nossa energia feminina: ter paciência para sustentar a energia posta em movimento, confiando que seguirá o seu caminho legítimo até a conclusão, até a sua maturação, no tempo de Deus.

Os seres precisam ser capazes de autodeterminação, de reivindicar o seu direito de serem felizes. Nesse sentido, o equilíbrio dos princípios criativos (ativação e aceitação), corresponde a grande parte desse trabalho, que, seguramente, acontece por meio das nossas relações mais íntimas. É por meio delas traçamos o nosso caminho de transcendência da dualidade.

Observem e observem-se.

Que esta seja a vida em que escolhemos agir em amor (entendido como consciência da unidade), e não mais em padrões de desequilíbrio que se alternam vida após vida.

Para finalizar, alguns trechos do livro “Criando União”, de Eva Pierrakos e Judith Saly:

“(...)“E dois serão um” – essas palavras, tantas vezes ouvidas na cerimônia nupcial, referem-se a muito mais do que ao início da vida comum de duas pessoas. Trata-se de uma afirmação cósmica. “Dois” – a dualidade – é a condição básica da nossa existência na Terra, e “Um” é o estado de unidade do qual nos distanciamos e para o qual ansiamos voltar.
(...)
A transformação daquilo que, dentro de nós, é a causa da separação, da nossa incapacidade de ter um bom relacionamento e permitir que o amor flua sem entraves, é a meta do trabalho do caminho do relacionamento.
(...)
Nossa ânsia por uma união mais profunda no amor com o outro é irresistivelmente poderosa graças à sua importância cósmica. Aqui vemos a ligação entre a nossa vida individual e temporal e a realidade maior que nos engloba.
Lembrem-se de que todo o plano da evolução trata da união, da junção das consciências individuais, pois só assim é possível abrir mão da separatividade. A união com uma ideia abstrata, com um Deus intangível ou concebido como um processo cerebral, não é uma união verdadeira. Apenas o contato real de uma pessoa com outra estabelece, na personalidade como um todo, as condições que constituem os pré-requisitos da verdadeira união e unidade interiores. Portanto, esse impulso manifesta-se como uma grande força, atraindo uns para os outros, tornando a separação dolorosa e vazia. A força vital, portanto, é permeada desse impulso em direção aos outros, e também de prazer supremo. Vida e prazer são uma coisa só. A vida, o prazer, o contato com os outros, a união com os outros são a meta do plano cósmico.
(...)
Com a ativação deliberada do poder criativo no máximo de seu potencial, pois vocês já não temem a própria destrutividade e confiam nos poderes universais que levarão a cabo, no devido tempo, aquilo que, intencionalmente, colocaram em movimento, desaparece o medo de entregar-se a um poder maior do que o voluntarioso ego-eu, e assim surge a capacidade de amar.
(...)
O desejo de entregar-se à vida nunca representará um risco de empobrecimento.”


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