Life is an emmergency.
Tenho ouvido isso
recorrentemente.
É como se dissesse:
há muito mais à espera de um ser humano (bênçãos e tarefas).
Faz-me sentir que a
nossa concepção sobre a vida está completamente equivocada.
Faz-me sentir que
estamos estagnados e que o precioso tempo que temos vem sendo desperdiçado em cirandas
emocionais que não conseguimos perceber, quiçá assimilar.
Faz-me sentir que existe
um universo de possibilidades aguardando (em um estado de quase-ebulição) pelo
comando de cada ser humano encarnado e, infelizmente, adormecido.
Estamos derrapando, em
reprise, vivendo as mesmas histórias e os mesmos dramas, apenas em diferentes
enredos. Alternamos os personagens, mas algo em nós parece não entender que certas
histórias precisam, apenas, ter um final – devem dissolver-se no tempo.
Enquanto seres que
nascem e renascem inconscientes, não
temos clareza para reconhecer se as nossas dores constituem causa ou consequência,
ação ou reação. Isso significa que a nossa revolta e a nossa indignação podem
estar sendo direcionadas a nós mesmos (às nossas escolhas passadas). Em meio a
tudo o que não sabemos, cabe-nos, apenas, saber selecionar as
sementes que serão plantadas no hoje.
A densidade (emocional)
do planeta chegou ao extremo e, pessoalmente, acredito que o nosso suposto
livre arbítrio não mais nos autoriza a passar ao largo do autoconhecimento, do perdão e da compaixão.
A cada dia mais
conectados – e totalmente desconectados.
A cada dia com mais
acesso ao conhecimento – e incapazes de dedicar tempo à sua busca (quanto mais
de incorporá-lo à vida, de exercitá-lo).
A cada dia hasteando mais alto a bandeira da liberdade - e escravos da validação alheia.
É difícil sim, muito
difícil. Vivemos rotinas exaustivas e com propósitos efêmeros. Os nossos reais
valores escorrem entre os dedos da nossa hipocrisia.
Vejo a frase inicial
como “a fotografia que eu não tirei”: há momentos, há coisas e há pessoas que
não estarão à nossa disposição amanhã. Amanhã a luz não será mais a mesma, nem
o ângulo. Amanhã as cores serão diferentes e aquele contraste que tornava a
cena especial terá desaparecido. Quando menos esperamos (ou sem nos esperar), a
flor se abriu por completo e a sacralidade que havia no interior do botão esvaneceu.
Afinal, o que pode e
o que não pode ser deixado para depois?
O que está à espera
de ser percebido por um ser humano?
O sagrado e o
profano coexistem.
O condicionamento do
olhar, o ajuste de frequência, cabe a cada um de nós.