domingo, 26 de abril de 2020

A liberdade.



Hoje, ouvindo Mirabai Ceiba, fiquei com uma frase ecoando na cabeça: “the ocean refuses no river... the open heart refuses no part of me, no part of you... 

Por motivos que não nos recordamos, desejamos evoluir em um universo de terceira dimensão (em que todos parecemos desconectados uns dos outros) e dotado de livre arbítrio. 

Mas, apesar de tudo aqui se mostrar polarizado (dual), todas as experiências são permitidas. 

O que enxergamos como certo e errado são asas do mesmo pássaro, ou seja, ambos os polos fazem parte de uma única energia. 

Então, por força da nossa consciência limitada, seguimos a vida perseguindo um modelo ideal de comportamento (que nos é passado geneticamente, durante a formação da personalidade e de acordo com a sociedade em que vivemos), ao mesmo tempo em que julgamos e condenamos comportamentos que nos parecem inadequados. 

Mas, se o Criador deseja se experimentar através da evolução da criação em um universo de livre arbítrio, talvez o ideal não seja seguir cegamente padrões. Talvez o fluxo seja o enfrentamento consciente dos padrões, de forma a promover pequenas libertações em cada núcleo, viabilizando, assim, novas experiências e possibilidades. 

Imaginamo-nos livres por podermos viajar o mundo todo, por podermos nos distanciar da família, por não estarmos “presos” em relacionamentos, por podermos fazer o que bem entendermos. Só que fazemos tudo isso carregando nas costas todo o peso que imaginávamos ter deixado para trás. 

É com essa bagagem que construímos e reconstruímos a nossa vida e os nossos relacionamentos. É buscando o olhar de aprovação dos pais (projetados em qualquer pessoa que estiver ao nosso lado), é buscando a correção das experiências malsucedidas através da sua reexperimentação (passando de novo e de novo pela dor). 

Como, então, seríamos livres para, de fato, criar as experiências de alegria, de harmonia, de paz e de segurança que tanto desejamos?  

Penso que apenas quando nos libertamos do passado, quando assimilamos as experiências como adultos, quando deixamos de ser grandes crianças provocando outras crianças grandes. 

Muito além da liberdade física e da liberdade mental, a liberdade emocional é a porta para o fluxo da vida. Por ela passam os corajosos e os ousados, as ovelhas negras de Bert Hellinger. Passam todos os que estão prontos para libertar os seus agressores, todos os que não desejam mais procurar culpados, mas, sim, tornarem-se responsáveis por cada colheita futura. 

Muitas das nossas dores decorrem do fato de não termos nascido para reproduzir todas as feridas da nossa família nas nossas vidas - apesar de insistirmos a fazê-lo. Nascemos com o potencial para libertar o nosso núcleo dos padrões, nascemos para fazer cessar a cegueira, nascemos para mostrar que existe vida e felicidade fora do modelo que perseguem e exigem. 

Bem-aventurados os puros de coração, que não deixam enfraquecer o pulsar divino dentro de si, que, através da disciplina na libertação da sua própria vida, afrouxam os vínculos criados e mantidos pela dor, dando espaço ao fluxo da luz (informação e consciência) e do amor (crescimento e criação). 

Eu Sou o impulso inicial. 

Eu Sou a potência amorosa que transforma a si mesma. 

Eu Sou o fluxo da vida que jorra incessantemente no meu núcleo.