terça-feira, 26 de setembro de 2017

Cuidando das minhas crianças



Eu fecho os olhos e os vejo.

Sinto o peso do corpo deles pendurados nos meu pescoço.

Ouço a voz.

Sinto o cheiro.

Vejo-os como se aqui estivessem.

Vejo a expressão dos seus olhares: inocentes, curiosos, seguros. Quantas possibilidades! Quanta confiança!

Amados em sua expressão mais pura.

Merecedores, dignos, capazes, corajosos, generosos.

Manter a integridade dessa essência (até onde nos for possível) depende de um constante “vigiai” – e não falo, aqui, apenas, dos perigos do mundo (e da nossa falsa sensação de controle).

Falo da nossa postura como pais, das nossas crenças, da nossa energia, dos nossos medos, das nossas culpas, da nossa história e dos nossos padrões familiares.

Não é necessário um profundo conhecimento das obras de Jung ou Freud para ter noção da influência dos pais na psique humana.

Eles nos sentem, eles nos analisam, eles replicam o nosso agir – pouco importa o que falamos.

Por isso são os nossos maiores professores: expõem a nossa incoerência.

Basta um olhar sincero para mim mesma, para que eu identifique o que merece e precisa da minha energia; para que eu reconheça, no meu campo, as questões que limitam a manifestação divina na minha vida.

Quais os medos que me mantém refém?

Quais os sistemas que me movem?

Quais as situações que se repetem?

Quais experiências eu estou atraindo?

Quais as crenças que filtram os meus pedidos ao universo?

Mas o mundo não para de girar para que eu encontre a plenitude.

Ao mesmo tempo em que trabalho a minha criança e os meus sistemas – enfrentando, acolhendo e amando um pesado corpo emocional -, volto os olhos ao meu microcosmo e dedico a minha atenção aos meus sonhos mais audaciosos.

Escolho ver a virtude.

Escolho ver o potencial.

Escolho ver a beleza.

Escolho ter tempo.

Escolho ser bonita.

Escolho ser generosa.

Escolho ter uma boa palavra, ou, então, apenas sorrir ou silenciar.

Escolho movimentar o meu corpo com respeito.

Escolho tocar a vida do outro com delicadeza.

Escolho ser parte de todas as coisas.

Alienada, alguns dizem.

Apenas espelho, replico.



Quando uma mulher decide curar-se,
ela se transforma em uma obra de amor e compaixão,
já que não se torna saudável somente a si própria,
mas também a toda a sua linhagem.
Bert Hellinger

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