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terça-feira, 2 de outubro de 2018

Ah, o Magnetismo...




Há um ano eu estive presente em um encontro com o querido Diogo Beltrame.


Falávamos sobre as relações e ele - com muita simplicidade e propriedade - disse: o magnetismo é a força mais poderosa que existe. Ele é o que é. Pessoas que vibram na mesma frequência são atraídas, pessoas que vibram em frequências diferentes são repelidas. Ponto. Esse é o fluxo natural.

Nesse momento pensei no meu casamento.

Eu havia enveredado por um caminho de busca muito profundo, enquanto o Fabiano apenas assistia e continuava a sua vida normalmente - vez ou outra me acompanhando em algumas meditações (creio eu que apenas para ver onde eu estava me enfiando e para avaliar o meu grau de insanidade).

Minha vida mudou drasticamente. Meu olhar mudou. Meus hábitos mudaram. Meus gostos mudaram. Meus amigos mudaram (alguns mudaram comigo! <3). Meus interesses mudaram. 

Eu assumi o risco do magnetismo me afastar da materialidade, lugar onde morava o meu amado. Triatleta, administrador, marceneiro, pedreiro, eletricista, mecânico, São Tomé.

Aquele desejo profundo da minha essência era irresistível. Ela sabia para onde queria ir e estava decidida. E ela foi.

Tomou conta da minha autoimagem e das minhas preferências. Antes o espelho insistia em me mostrar os defeitos com caneta grifa-texto, agora mostra que eu sou perfeita como sou (eu amo olhar para o meu rosto quando o meu cabelo está desajeitado). Antes a inteligência e a retórica atraíam a minha admiração, hoje atraída pela simplicidade e pela doçura. Antes passaria horas ouvindo um PHD em direito tributário em uma palestra, hoje adoraria ficar presa no elevador com a velhinha da limpeza.

Tomou conta da advogada, que passou a ver a profissão como meio - não mais como fim, como objetivo de vida. Foi como se a minha consciência, por um décimo de segundo, tivesse um vislumbre da cena maior: leis são fictícias, a gente se veste bonito, escreve difícil e fala enrolado. Teatro. As relações de trabalho e as audiências passaram a ser um momento de verdadeiro contato humano, em que eu me dou 100%, em que eu me coloco como gente, em que eu não mais adapto o discurso.

Tomou conta da esposa, que passou a enxergar o parceiro como o SER que aceitou o desafio de dividir essa existência. Uma opção de alma. O homem que me arrebatou como um príncipe em um cavalo branco e, contra todas as previsões, dedicou contínuos esforços e cuidados nesta relação. Quando ele me abraça, o sentimento de gratidão me consome e eu reverencio aquela alma que torna o meu caminho mais leve, mais doce, mais tranquilo.

Tomou conta da mãe, que quando olha os seus filhos não mais se coloca na posição de leme, nem de âncora. Coloca-se, agora, na posição de porto seguro. Ae que eu me tornei confia plenamente na capacidade de escolha dos filhos e incentiva que a personalidade se desenvolva livremente, mantendo a essência de cada um intacta. Eles sabiam onde estavam nascendo.

Tomou conta da filha, que respeita profundamente as limitações e as opções dos pais, que ama incondicionalmente e honra o dom da vida - mas que se recusa a agir por conta de padrões familiares.

Tomou conta do gosto por música, por comida, por cheiro, por cremes, por roupas. Opto pelo mais confortável, pelo mais natural, pelo mais saudável, pelo mais alegre.

De repente, olhei para o lado, e ele estava ali. Mais leve, mais crente, mais doce. Mais natural, mais dedicado, mais paciente. Mais bonito, mais cheiroso, mais sorridente. Mais atraente, mais seguro, mais consciente.

Nada que a gente diz é tão forte quanto o exemplo. Vendo que as mudanças em mim eram valiosas, ele também respondeu ao chamado da essência - assim como muitas outras pessoas à minha volta.

Isso já estava escrito. Desde o primeiro minuto a nossa vida foi impulsionada por um estímulo interno fortíssimo. Nada que veio de fora nos dissuadiu, nenhuma opinião, nenhuma previsão, nenhum tropeço.

Agora não seria diferente. Santo magnetismo!

Por um mundo de seres conscientes!

Talita Rebello
31.03.2016

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