Ano passado, aparentemente
de repente, eu me vi em uma situação de profundo abandono. Autoabandono.
Eu não estava dando a mim
mesma o amor que eu devia. Isso quase fez tudo desmoronar à minha volta. Mas,
felizmente, quem desmoronou fui eu.
Resolvi que precisava
passar alguns dias sozinha e fui para a Chapada dos Veadeiros. Acabei ficando
no retiro do Prem Baba, mesmo sem ter conexão nenhuma com o trabalho dele e não
ressoar com a tradição Sachcha.
No primeiro Satsang que eu
assisti, ele abriu um dos papéis com perguntas e nele estava escrito: “Baba, é
errado eu ter namorado e sentir atração por outra pessoa?”
Ele, rindo muito, disse:
“Está querendo a permissão do papai, né?”
Quando os ânimos se
acalmaram ele respondeu: “Errado, no sentido de pecado, não é. Mas é, no
mínimo, autossabotagem. Você está sabotando a sua felicidade, colocando os seus
objetivos em caminhos distintos, caminhos opostos que não se encontram jamais.
Você nunca será feliz.”
Eu confesso que eu demorei
bastante tempo para compreender a profundidade dessa frase. Digo mais, ela
ainda ecoa na minha mente a cada passo que eu dou: “Está alinhado?”
Ela veio novamente à minha
mente assistindo a uma palestra de Jan Val Ellam. Eis que ele começa a falar
sobre o código de conduta pessoal: “todas as minhas escolhas e objetivos estão
alinhados, eu cuido para que estejam em uma única senda, porque mesmo que eu
tropece, mesmo que eu caia, eu sei para onde voltar.”
Em resumo, precisamos saber
para onde queremos ir, para que nos seja possível escolher, para que possamos
dizer não (ou dizer sim) com sabedoria e com confiança.
Está escrito em Coríntios
6: “Tudo me é permitido, mas nem tudo convém.”
Precisamos nos libertar da
confusão dos sentidos.
Precisamos aprender a não
nos autossabotarmos.
Precisamos dizer não ao que
não se alinha com os nossos objetivos.
Precisamos plantar o que
queremos colher.
Precisamos colocar a nossa
energia nas possibilidades que convergem.
Escolher com sabedoria é
amor. Amor próprio.
Degrau necessário para o
amor incondicional, pois não podemos dar o que não temos.
Apenas depois de pararmos
de atentar contra nós mesmos, é que passaremos a poder oferecer amor
incondicional ao outro.
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