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segunda-feira, 23 de julho de 2018

Eu Sou o que me encanta na escuridão.




* sugiro que ouçam essa música: 
https://www.youtube.com/watch?v=Hd_sf-skHLM&start_radio=1&list=RDHd_sf-skHLM



Eu escrevo, hoje, para ancorar sentimentos.


Eu sempre tive os olhos voltados para as estrelas.

Havia alguma coisa minha lá em cima, alguma coisa muito querida, muito cara. Havia, lá, alguma coisa que ultrapassava todos os valores e toda a lógica que eu conhecia.

Era mais um sentimento, que uma curiosidade sobre astronomia.

Um êxtase, uma atração incontrolável, não raro, seguida de lágrimas.

Então, certa vez eu pedi que me fosse permitido sentir a energia que harmoniza o Universo, que rege os planetas, que orquestra esse organismo. Enquanto eu me concentrava e respirava, o meu corpo foi desaparecendo. Quando eu inflava os pulmões, estrelas e planetas se movimentavam em expansão. Quando eu expirava, eles se aproximavam lentamente.

Eu era o próprio Universo. Ele estava todo dentro de mim.

Um momento de profunda conexão. Intraduzível.

O que me encantava na escuridão da noite, era eu mesma.

Era a curiosidade e o medo da minha própria imensidão. Era o receio de ver as minhas verdades absolutas e a minha intolerância se desmancharem em uma vastidão de possibilidades. Era o pavor de caminhar sozinha, desprovida de razão, de livros, de balizamentos.

Era, também, a chave para a minha próxima porta.

Eu mergulhei em mim e lá não era claro.

Ainda assim eu seguia sem parar e, a cada tanto, encontrava uma daquelas estrelas que eu admirava no céu. Muitas delas tinham se esquecido de quanto brilhavam (eu também tinha me esquecido)

Consegui identificar todos os planetas que faziam parte do meu sistema e também os efeitos que estávamos exercendo uns sobre os outros, desequilibrando as órbitas, invadindo espaços que deveriam ser vazios ou, em movimento de repulsa, transformando vazios em distâncias inatingíveis.

Confesso que, por vezes, também encontrei os anjos pelos quais eu clamava em oração.

Estavam todos aqui, orbitando a história que eu estou construindo – assim como eu orbito a história de tantos.

Então, revirei algumas memórias e percebi o quanto essas estrelas passam rápido por nós: elas viram apenas histórias e saudades.

Esse sentimento, devidamente ancorado em meus registros, é o de profunda gratidão à experiência na terceira dimensão.

Experiência que me possibilita encontrar e reencontrar a divindade em meio a tantos desafios, em meio a tantas relações, em meio a tantas distrações. Experiência de intensidade, experiência de escolhas, experiência de solidão.

Caminharei, até o final dessa experiência, pela estrada que melhor refletir a minha essência, que fizer maior a minha luz; permitindo que, de fato, eu enxergue as sombras que eu carrego e, quem sabe, ilumine os passos de quem caminha comigo.

Sigo respirando o Universo.

Sigo hipnotizada pelas estrelas... e por mim.


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