* sugiro que ouçam essa música:
https://www.youtube.com/watch?v=Hd_sf-skHLM&start_radio=1&list=RDHd_sf-skHLM
Eu escrevo, hoje, para ancorar sentimentos.
Eu sempre tive os
olhos voltados para as estrelas.
Havia alguma coisa
minha lá em cima, alguma coisa muito querida, muito cara. Havia, lá, alguma
coisa que ultrapassava todos os valores e toda a lógica que eu conhecia.
Era mais um
sentimento, que uma curiosidade sobre astronomia.
Um êxtase, uma
atração incontrolável, não raro, seguida de lágrimas.
Então, certa vez eu
pedi que me fosse permitido sentir a energia que harmoniza o Universo, que rege
os planetas, que orquestra esse organismo. Enquanto eu me concentrava e
respirava, o meu corpo foi desaparecendo. Quando eu inflava os pulmões,
estrelas e planetas se movimentavam em expansão. Quando eu expirava, eles se
aproximavam lentamente.
Eu era o próprio Universo.
Ele estava todo dentro de mim.
Um momento de
profunda conexão. Intraduzível.
O que me encantava
na escuridão da noite, era eu mesma.
Era a curiosidade e
o medo da minha própria imensidão. Era o receio de ver as minhas verdades
absolutas e a minha intolerância se desmancharem em uma vastidão de
possibilidades. Era o pavor de caminhar sozinha, desprovida de razão, de
livros, de balizamentos.
Era, também, a chave
para a minha próxima porta.
Eu mergulhei em mim
e lá não era claro.
Ainda assim eu seguia
sem parar e, a cada tanto, encontrava uma daquelas estrelas que eu admirava no
céu. Muitas delas tinham se esquecido de quanto brilhavam (eu também tinha me
esquecido)
Consegui identificar
todos os planetas que faziam parte do meu sistema e também os efeitos que
estávamos exercendo uns sobre os outros, desequilibrando as órbitas, invadindo
espaços que deveriam ser vazios ou, em movimento de repulsa, transformando
vazios em distâncias inatingíveis.
Confesso que, por
vezes, também encontrei os anjos pelos quais eu clamava em oração.
Estavam todos aqui,
orbitando a história que eu estou construindo – assim como eu orbito a história
de tantos.
Então, revirei
algumas memórias e percebi o quanto essas estrelas passam rápido por nós: elas
viram apenas histórias e saudades.
Esse sentimento,
devidamente ancorado em meus registros, é o de profunda gratidão à experiência
na terceira dimensão.
Experiência que me
possibilita encontrar e reencontrar a divindade em meio a tantos desafios, em
meio a tantas relações, em meio a tantas distrações. Experiência de
intensidade, experiência de escolhas, experiência de solidão.
Caminharei, até o
final dessa experiência, pela estrada que melhor refletir a minha essência, que
fizer maior a minha luz; permitindo que, de fato, eu enxergue as sombras que eu
carrego e, quem sabe, ilumine os passos de quem caminha comigo.
Sigo respirando o
Universo.
Sigo hipnotizada
pelas estrelas... e por mim.
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