Já me disseram
algumas vezes que eu jamais deveria escrever sobre as minhas falhas, porque
senão eu perderia totalmente a credibilidade.
Esse conselho
fervilhou em mim por muito tempo e eu lembrei dele todas as vezes em que eu
expressei a minha dor e os meus processos em público.
Mas por quê? Perder
a credibilidade não era algo que me preocupasse. Eu nunca desejei ser vista
como um objetivo a ser perseguido, nem como alguém que pudesse resolver os
problemas alheios.
Eu sou apenas alguém
que está, de fato, olhando para a própria vida e buscando, a todo momento, a
autorresponsabilidade.
Espero, apenas,
servir como um instrumento de encorajamento.
Ouvi, em uma música,
a seguinte frase: “para se chegar a Deus, há que se aprender a ser humano”.
Expor a minha
humanidade é mais forte que eu – e me conectar com a humanidade do outro é algo
que me encanta.
Muitas pessoas falam
sobre Jung, sobre Freud, sobre Prem Baba, sobre Buda, sobre Jesus. Muitas
pessoas falam sobre a vida dos outros (seja para honrar, seja para criticar).
Gostaria que elas
falassem sobre elas mesmas e sobre como lidaram com as suas próprias
experiências.
Gostaria de
conhecer, pela sua própria boca, os seus pais.
Gostaria que elas
contassem como os demônios que encontraram no caminho acabaram por se tornar os
seus espelhos.
Gostaria que elas
partilhassem as histórias de amor e, com amor, partilhassem as suas histórias
de dor.
Para mim, esse, sim,
é um ser humano iluminado, pois alivia a carga de perfeição imposta aos demais.
Precisamos nos
libertar e libertar as pessoas das nossas expectativas.
Se existe um jeito
de passar de fase nessa dimensão, com certeza não é fingindo que vivemos em
outra. Precisamos ser hábeis com os instrumentos que nos foram concedidos,
precisamos ser hábeis com o ego, com a dualidade, com as nossas projeções, com
os nossos gatilhos – e não fingir que os superamos, que não existem, que não
nos afetam.
Pense em todos os
gurus que você conhece ou ouviu falar.
Todos eles passaram
por processos emocionais. Todos eles sentiram dor. Todos eles sentiram raiva. Todos
eles julgaram. Todos eles se decepcionaram. Todos eles se sentiram perdidos.
Todos eles questionaram o seu caminho. Todos eles, em algum momento, falharam.
Muitos deles não
falaram sobre o próprio caminho, apenas o viveram. O que temos acesso é à transcrição do que os outros puderam absorver do que eles verbalizaram. Apenas
do que verbalizaram e apenas o que passou pelo filtro de quem transcreveu.
Será que perderiam a
credibilidade se conhecêssemos as experiências que os levaram a um entendimento
mais profundo sobre a existência? Ou será que isso nos inspiraria a mergulhar
nas nossas próprias profundezas – em vez de nos mantermos em busca de um ideal
divino dificilmente atingido, negando a tudo o que existe nessa dimensão?
Nenhum deles sabe mais sobre a sua vida que você mesmo. Enquanto você estiver buscando alguém para responder as suas perguntas, estará distante da resposta.
A verdadeira expansão ocorre por meio da experiência, do enfrentamento de si mesmo - e não pelo acúmulo de bibliografias em sua mente.
Não há nada de
errado com o seu caminho.
Não há nada de
errado em ser humano.
Não há nada de
errado em ser você.
Não há nada de
errado.
Todos os que aqui pisaram
viveram a mesma experiência, muito embora com enredos diferentes.
Eu adoraria ouvir a sua.
Eu vou continuar
contando a minha. Com as minhas próprias palavras. Sem filtro.
É por isso que você é tão linda e inspiradora: Você é você! Gratidão por Ser! ❤
ResponderExcluirGratidão pelo texto maravilhoso!
ResponderExcluirEstava buscando o autor da sua frase e achei o seu texto. Um presente!
ResponderExcluirA música se chama “abrete corazon” e quem canta é Paty Gomez. 🙏❤️
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