segunda-feira, 20 de novembro de 2017

Rompendo o círculo vicioso do desamor




Outro dia ouvi alguém dizer que temia pelo futuro, pois o mundo seria dominado pelos filhos da cesariana. Que a forma escolhida para o parto era determinante para a personalidade da criança e que, invariavelmente, quem nasce com hora marcada, desconhece o seu papel como agente, como responsável, nasce com a sensação de que a vida é fácil (ou alguma coisa assim).

Confesso que eu me contorci.

Tenho dois filhos. Fiz duas cesáreas. A primeira de emergência, a segunda com hora marcada.

As duas gestações foram planejadas e desejadas. Duas crianças que foram amorosamente convidadas a fazer parte da nossa família.

Existe uma vivência tão intensa e tão veloz dentro de uma casa com dois pais e duas crianças, que, só por esse motivo, já não me parece razoável a afirmação inicial.

Um pai e uma mãe que trazem consigo todas as experiências da primeira infância para serem tratadas.

Um pai e uma mãe que trazem consigo a carga genética de centenas de antepassados.

Um pai e uma mãe que trazem consigo relações cármicas com diversas pessoas.

Um pai escorpiano e uma mãe sagitariana, nascidos sob uma conjunção astrológica específica, batizados em igreja católica, cada um com uma combinação numerológica bastante peculiar.

Seria, mesmo, o parto, mais determinante que o plano de alma de cada um dos seres que, sim, escolhem a dedo o ambiente em que irão nascer?

Seria, o parto, mais determinante que os moldes familiares (conjunto de crenças e de valores que nos unem em egrégora)?

Seria, o parto, mais determinante que a seleção de conteúdo das escolas?

Fica realmente difícil contabilizar as crenças que nos constroem e os fatores que nos influenciam.

E mais, penso eu, ainda há um fator mais grave, que tem o poder de fazer pequenas todas as crenças e influências: o círculo vicioso do desamor.

Hoje, em uma rádio, uma Desembargadora do Tribunal de Justiça do Paraná falava sobre a Lei Maria da Penha e, em certo ponto, uma das convidadas trouxe um dado estatístico (que, confesso, não chequei): 99% dos agressores sofreram algum tipo de violência doméstica na infância.

Da mesma forma, os viciados: a esmagadora maioria sofreu violência, abuso ou negligência em casa. Vejam que, apesar de os presos por tráfico de drogas corresponderem a “apenas” 1/3 do total, a proporção aumenta muito quando considerados os demais tipos de crimes relacionados ao uso das drogas (roubos, furtos, latrocínio, etc), chegando a quase 90%.

Sim, há incontáveis fatores que ditam o rumo das vidas das nossas crianças.

Mas um deles está sob o controle dos pais: o autoconhecimento e a auto-observação. Conhecendo o que nos move, deixamos de repassar a nossa dor adiante. Conhecendo o que nos influencia negativamente, deixamos de transmitir aos filhos as mesmas batalhas que a nossa família luta há gerações. Conhecendo os nossos gatilhos, deixamos de procurar culpados, deixamos de explodir com quem depende integralmente de nós.

Podemos romper com o círculo vicioso do desamor.

Os meus dois filhos da cesariana possuem pais comprometidos com a libertação da consciência, com a identificação e a ressignificação das crenças limitantes, com a construção de um microcosmo diferenciado.

Acredito que através da lapidação pessoal podemos pavimentar a estrada para os nossos descendentes.

Não há nenhum fraco caminhando sobre o Planeta Terra.

Não há nenhum solitário caminhando sobre o Planeta Terra.

Não há nenhum desavisado caminhando sobre o Planeta Terra.

Somos capazes além da medida.

Nada é determinante, senão a inércia.

Mova-se.

2 comentários:

  1. Oi Talita!!! Imensamente grata pela sua reflexão sobre este tema. A poucas semanas de dar a luz a minha primeira filha, as suas palavras me tocaram profundamente. A Luz que Eu Sou co-cria Gaia, como planeta de Amor Incondicional e livre de todo o preconceito. E assim é!

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  2. As vezes damos muita importância à coisas que não tem qualquer significado. Jamais poderia ser um fator determinante o tipo de parto, pois são as conjunturas do momento que determinam o modo de se fazer o parto. Mas pelo menos serviu para "pensar" e colocar no papel o óbvio, e que até já serviu de orientação para a Ana!

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