Outro dia ouvi
alguém dizer que temia pelo futuro, pois o mundo seria dominado pelos filhos da
cesariana. Que a forma escolhida para o parto era determinante para a
personalidade da criança e que, invariavelmente, quem nasce com hora marcada,
desconhece o seu papel como agente, como responsável, nasce com a sensação de
que a vida é fácil (ou alguma coisa assim).
Confesso que eu me
contorci.
Tenho dois filhos.
Fiz duas cesáreas. A primeira de emergência, a segunda com hora marcada.
As duas gestações
foram planejadas e desejadas. Duas crianças que foram amorosamente convidadas a
fazer parte da nossa família.
Existe uma vivência
tão intensa e tão veloz dentro de uma casa com dois pais e duas crianças, que,
só por esse motivo, já não me parece razoável a afirmação inicial.
Um pai e uma mãe que
trazem consigo todas as experiências da primeira infância para serem tratadas.
Um pai e uma mãe que
trazem consigo a carga genética de centenas de antepassados.
Um pai e uma mãe que
trazem consigo relações cármicas com diversas pessoas.
Um pai escorpiano e
uma mãe sagitariana, nascidos sob uma conjunção astrológica específica,
batizados em igreja católica, cada um com uma combinação numerológica bastante
peculiar.
Seria, mesmo, o
parto, mais determinante que o plano de alma de cada um dos seres que, sim,
escolhem a dedo o ambiente em que irão nascer?
Seria, o parto, mais
determinante que os moldes familiares (conjunto de crenças e de valores que nos
unem em egrégora)?
Seria, o parto, mais
determinante que a seleção de conteúdo das escolas?
Fica realmente
difícil contabilizar as crenças que nos constroem e os fatores que nos
influenciam.
E mais, penso eu, ainda
há um fator mais grave, que tem o poder de fazer pequenas todas as crenças e
influências: o círculo vicioso do desamor.
Hoje, em uma rádio,
uma Desembargadora do Tribunal de Justiça do Paraná falava sobre a Lei Maria da
Penha e, em certo ponto, uma das convidadas trouxe um dado estatístico (que,
confesso, não chequei): 99% dos agressores sofreram algum tipo de violência
doméstica na infância.
Da mesma forma, os
viciados: a esmagadora maioria sofreu violência, abuso ou negligência em casa.
Vejam que, apesar de os presos por tráfico de drogas corresponderem a “apenas”
1/3 do total, a proporção aumenta muito quando considerados os demais tipos de
crimes relacionados ao uso das drogas (roubos, furtos, latrocínio, etc),
chegando a quase 90%.
Sim, há incontáveis
fatores que ditam o rumo das vidas das nossas crianças.
Mas um deles está
sob o controle dos pais: o autoconhecimento e a auto-observação. Conhecendo o
que nos move, deixamos de repassar a nossa dor adiante. Conhecendo o que nos
influencia negativamente, deixamos de transmitir aos filhos as mesmas batalhas
que a nossa família luta há gerações. Conhecendo os nossos gatilhos, deixamos
de procurar culpados, deixamos de explodir com quem depende integralmente de
nós.
Podemos romper com o
círculo vicioso do desamor.
Os meus dois filhos
da cesariana possuem pais comprometidos com a libertação da consciência, com a
identificação e a ressignificação das crenças limitantes, com a construção de
um microcosmo diferenciado.
Acredito que através
da lapidação pessoal podemos pavimentar a estrada para os nossos descendentes.
Não há nenhum fraco
caminhando sobre o Planeta Terra.
Não há nenhum
solitário caminhando sobre o Planeta Terra.
Não há nenhum
desavisado caminhando sobre o Planeta Terra.
Somos capazes além
da medida.
Nada é determinante,
senão a inércia.
Oi Talita!!! Imensamente grata pela sua reflexão sobre este tema. A poucas semanas de dar a luz a minha primeira filha, as suas palavras me tocaram profundamente. A Luz que Eu Sou co-cria Gaia, como planeta de Amor Incondicional e livre de todo o preconceito. E assim é!
ResponderExcluirAs vezes damos muita importância à coisas que não tem qualquer significado. Jamais poderia ser um fator determinante o tipo de parto, pois são as conjunturas do momento que determinam o modo de se fazer o parto. Mas pelo menos serviu para "pensar" e colocar no papel o óbvio, e que até já serviu de orientação para a Ana!
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