Falhamos tanto com a
honestidade. Tanto.
Esse tema tem sido
recorrente nas redes sociais, com os mais diversos nomes. Mas ler é uma coisa,
conseguir trazer para dentro das nossas relações é outra.
Durante o final de
semana, uma das minhas Marias compartilhou reflexões de uma palestra dobre
Comunicação Não-Violenta. Uma delas dizia:
“as pessoas sabem o que são fatos
nas relações, mas existe um código silencioso sobre não expressar verdades
inconvenientes. Isso é o que fragiliza as conexões pois pontes genuínas de
confiança nunca são construídas. A verdade mexe, bagunça, gera mudança. Verdade
é movimento. Assim, quando a gente deixa de falar a verdade sobre o que nos
importa, nossas necessidades (aquilo que nunca deve cessar) e valores, a gente
vai morrendo aos poucos.” Dominic Barter
A honestidade está
diretamente ligada à comunicação não-violenta.
Trata-se de permitir
que a sinceridade e a transparência guiem os nossos relacionamentos, expondo a
nossa percepção pessoal de forma objetiva.
Mas será que as
pessoas realmente querem saber como nos sentimos? Será que as pessoas conseguem
lidar com o reflexo delas em nós?
Ou pior, será que já
não conhecem e fingem não saber, porque torna a situação cômoda? Pois, como
disse Dominic, a verdade mexe, bagunça, gera mudança.
A zona de conforto pode
ser muito violenta.
Nela emudecem-se os
nossos conflitos e insatisfações. Nela cala-se a raiva e a frustração. Nela
sacrifica-se o impulso mais puro da essência: o movimento!
Para mim, hoje, viver
a honestidade tem um viés de egoísmo necessário.
Não se trata de despejar
no(s) outro(s) a responsabilidade pela nossa satisfação pessoal, mas de
permitir (e talvez exigir) que o nosso sentimento seja conhecido – o que
viabiliza o crescimento mútuo, o que serve de combustível para as metamorfoses
necessárias.
Somente a verdade nos
permite crescer.
Quando nos calamos,
quando deixamos de nos manifestar, quando não verbalizamos, praticamos, antes,
uma violência contra nós mesmos.
Prendemos dentro de
nós uma energia que não deseja ficar, ao mesmo tempo em que tiramos do outro o
direito de saber como nos sentimos em relação às suas atitudes.
Criamos abismos
profundos e carregamos conosco pedaços de relacionamentos mal resolvidos,
assuntos que não tratamos, palavras que não engolimos – outras que não falamos.
Quantas e quantas
vezes retornamos a algumas situações vividas e pensamos: “ah, mas se eu tivesse
dito”, “por que eu não disse?”, “deveria ter falado”, “deveria ter feito”.
Perdemos a
espontaneidade em busca de aprovação. Puro medo. Pura necessidade de
pertencimento.
(In)felizmente,
aviso, não há garantias e nada será levado conosco – a não ser o que foi vivido
com verdade, com emoção, com aprendizado.
Quanto tempo perdido:
estamos aqui para nos relacionarmos, mas acabamos vivendo peças teatrais.
Desconhecemos os
nossos próprios sentimentos.
Desconhecemos o
caminho do coração.
Perdemos a habilidade
de trocar com autenticidade, a ponto de considerarmos ofensivas as investidas
de honestidade do outro, fazendo com que se cale, mantendo estática e segura a
relação.
Eu quero falar sobre
isso.
Eu quero falar sobre
as minhas experiências.
Eu quero falar com
todas as pessoas que eu deixei que me machucassem.
Eu quero falar com
todas as pessoas que me ofereceram amor e eu não soube receber.
Eu preciso falar. Eu
preciso ouvir.
O coração está exposto e, para ele, a violência reside em privá-lo de se emocionar.
A couraça não me serve mais.
Você é demais!!! Para mim, essa mensagem é um presente.
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