Existe um conto que
eu gosto muito, chama-se “Um Conto Francês” e foi escrito por Neale Donald Walsch*.
Nesse conto ele narra
a conversa de uma alminha (muito curiosa) com Deus e, em determinado ponto, ela
pergunta sobre perdão – desejava saber o que era. Mas, em estado de perfeição,
o próprio Criador não foi capaz de definir a sensação de perdoar alguém.
Então, uma alma que
ouvia a conversa, disse:
“—
Não te preocupes, Pequena Alma, eu vou
ajudar-te — disse a Alma Amiga.
— Vais? — a Pequena Alma
animou-se. — Mas o que é que tu podes fazer?
— Ora, posso dar-te alguém a quem
perdoares!
— Podes?
— Claro! — disse a Alma Amiga
alegremente. — Posso entrar na tua próxima vida física e fazer qualquer coisa
para tu perdoares.
(...)
— No momento em que eu te atacar
e atingir, — respondeu a Alma Amiga — no momento em que eu te fizer a pior
coisa que possas imaginar, nesse preciso momento… — Lembra-te de Quem Realmente
Sou.
(...)
— Lembra-te sempre, — Deus
aqui tinha sorrido — não te enviei senão anjos.”
Somos, nós, as
alminhas curiosas que desejaram conhecer a imperfeição.
Somos, nós, as
alminhas corajosas que desejaram receber e propiciar lições.
Disso é feita a nossa
vida neste Planeta: espirais profundas de aprendizado, em que os professores
são os nossos relacionamentos.
Neles estão
projetadas todas as nossas sombras. Ou o outro nos serve de bode expiatório (e
contra ele nos revoltamos), ou nos serve de espelho (e por ele sentimos
gratidão).
A despeito das
crenças em sentido contrário (as quais respeito profundamente), não acredito
que aqui encontraremos o nosso complemento divino, a tão falada “Chama Gêmea” –
já que não estamos aqui para viver a perfeição, a completude.
Aqui estão as nossas
almas gêmeas, almas irmãs, almas amigas. Seres desejosos de aprendizado (como
nós), que se comprometeram a fazê-lo em conjunto.
Iniciando-se de forma
bastante intensa com os nossos pais, os nossos primeiros relacionamentos acabam
ditando o passo de todos os subsequentes. O medo do abandono, o medo da
rejeição, o medo de se expressar, o medo de não ser amado pelo que se é; quiçá a
violência, o desamor, o desrespeito.
Seguem-se relações infelizes
que nos obrigam a olhar para trás e acolher a nossa história, aceitar
integralmente os nossos genitores e sermos gratos pelo dom da vida; restando
claro que não somos vítimas de nenhum evento, mas parte dele (pois o planejamos
ou o atraímos).
Há relações
frustradas que nos obrigam compreender que apenas o hoje pode ser vivido, que
não há garantias, não há contratos que não possam ser quebrados.
Há relações violentas
que nos obrigam a vencer o pavor e a nos colocarmos em primeiro lugar.
Há relações mornas
que nos obrigam a ter coragem de dar o passo em direção ao término, confiantes
de que somos merecedores de toda a abundância – e isso também se refere a
relacionamentos prósperos.
Há relações de
manipulação, dominação e subjugação que, em algum momento, nos fortalecem a
ponto de não mais tolerar a inferiorização, as opiniões maldosas do outro (pois
a feiura, a gordura ou o não merecimento só existem nos olhos dele).
Por outro lado, há muitas outras que, incessantemente, nos fazem lembrar de quem realmente somos. Mãos amigas que, mesmo ainda trêmulas, nos chamam para caminhar ao seu lado, que se alegram com a nossa presença e nos encorajam a mostrar o melhor que há em nós.
É sempre sobre amor
próprio. É sempre sobre reconhecer a própria força. É sempre sobre
responsabilidade. É sempre sobre respeito ao livre arbítrio. É sempre sobre autenticidade.
Volte os olhos aos
relacionamentos que mais te afligem e, em vez de reclamar, agradeça a
oportunidade que está tendo de conhecer mais sobre si mesmo. Aos poucos e em
gratidão, identifique qual aspecto da sua personalidade está sendo iluminado
através das atitudes dessa alminha amiga.
Lembre-se: não é
sobre o outro.
Nunca.
http://www.sgi.org.br/pt/consciencia/a-pequena-alma-e-o-sol/
Nenhum comentário:
Postar um comentário