Partindo da premissa
que vivemos em um universo de amor, quais seriam os objetivos de processos
encarnatórios seguidos de recorrentes amnésias?
Por que não nos
lembramos do que foi vivido?
Mais: por que algumas
linhas do tempo são trazidas para iluminação?
Certa vez eu falei
para uma amiga: "seria mais fácil se nos lembrássemos das falhas e dos
acertos de outras vidas, identificaríamos os nossos padrões de comportamento
destrutivos muito mais rápido". Ela respondeu: "Tali, é sempre
repeteco! Seguimos reverberando os mesmos padrões de conduta, é só
observar".
De início isso me
deixou ressabiada, mas com o tempo foi tomando viés de "verdade".
Existe uma dança de
energias e papeis que se desenrola em nossas vidas. Pessoas, lugares,
experiências, desequilíbrios. Tudo é, apenas, enredo para que nos relacionemos,
vida após vida, em busca de mais consciência e mais lucidez, até que nos seja
possível dissolver em amor.
O tão falado carma não
é, portanto, castigo; mas somente a garantia de uma nova oportunidade de expansão
de consciência, de refazer um exercício cujo resultado anterior não
consideramos satisfatório, de reconhecer e ancorar estados de equilíbrio.
Precisamos nos afastar
dos dramas e dos julgamentos, precisamos tirar o outro a posição de personagem
central das nossas dores e das nossas culpas: essa história nunca foi sobre
ele!
Compreender isso é o
primeiro passo. Qual é o MEU aprendizado nisso? Como eu posso agir de maneira a
tornar essa experiência libertadora? Como posso aproximá-la do amor?
Pai João de Angola, no
livro "Fala, Preto Velho, nos ensina:
"Não existe
caminho certo nem errado. Todos os caminhos são de Deus. A pergunta melhor de
ser feita é a seguinte: será que estou na direção correta?
O que necessitamos
saber é se estamos seguindo o melhor rumo dentro dos caminhos da vida. Se a
direção vai nos levar onde precisamos e merecemos.
Dentro dos caminhos da
vida, o que vai determinar o rumo mais curto, mais útil e mais afinado com a
luz é a forma como caminhamos.
(...)
Quem tem propósito e
sabe o que quer, pode pegar o caminho que for, porque sempre estará na direção
correta de sua libertação.
(...)
Comece por essas
perguntas fundamentais e libertadoras: "Eu quero isso para mim?",
"Isso vai me libertar?"
Cada experiência é uma
chance de agirmos conforme o ser divino que somos e almejamos voltar a ser. Que
paradoxo! Desejamos voltar a ser o que já somos?
A despeito de tudo o
que já vivemos, das nossas glórias e fracassos, HOJE estamos construindo as
histórias que reverberarão em nossas próximas vidas e, por que não, em nossas
vidas passadas.
Já ouvimos Kryon falar
sobre a não linearidade do tempo, já ouvimos falar do Efeito Mandela. Que tal,
então, assimilarmos a possibilidade de que o nosso aumento de consciência hoje,
pode levar luz, cura e libertação ao nosso "passado"? Que o encontro
do ponto de equilíbrio em cada aspecto da nossa vida, pode reverberar em todos
os momentos de desequilíbrio já vividos?
Que tal assimilarmos,
também, que quando estamos prontos para levar amor e consciência a esses
momentos, as linhas do tempo são trazidas, apenas que reconheçamos os momentos
específicos que precisam receber esse foco e essa atenção?
Apenas quando estamos
preparados para fazer uso da Lei da Graça, é que as oportunidades nos são
apresentadas. Apenas quando estamos dispostos a nos libertar e a liberar os
outros dos compromissos assumidos na dor. Apenas quando temos a lucidez
necessária para libertarmos os nossos agressores para a vida, pois entendemos
que não é possível seguir adiante arrastando desejos ocultos de vingança.
Diante de tudo, do
amor profundo que nos envolve, da grandiosidade e da imensidão do tempo, nada
me parece mais correto que viver o HOJE da forma mais plena e presente
possível. Aqui, sigo com Pai João de Angola:
"Ficar falando de
provas do passado é uma dor muito grande, que não ajuda. O passado se foi.
Agora é pensar nas coisas que precisam mudar no presente.
Mesmo quando se passa
por uma prova por conta do que foi vivido em outras vidas, o que importa é a
solução no agora, a libertação."
Assim também falou Mãe
Maria:
"A fisicalidade
traz experiências à alma. Olha a beleza dessa afirmação: a fisicalidade traz
experiências à alma. Você compreende o significado disso? É chegado o tempo,
minha nobre irmã, de não mais se julgar pelo passado. Vocês viveram tempos
duros que os conduziram a atentar contra si próprios. E veja o que eu digo,
minha querida filha: contra si próprios. Vocês atentaram contra si e mais
ninguém."
Quando lemos livros
que retratam situações em que vidas passadas reverberam em vidas presentes,
quais são os atos mais comuns que causam esse tipo de conexão? Vitimização,
terceirização de responsabilidade, desrespeito às escolhas das pessoas que
amamos, bloqueios emocionais, dificuldade de perdoar, reações explosivas, etc..
Certamente já fizemos
tudo isso e certamente ainda agimos assim eventualmente.
Mas já temos clareza
suficiente para sentir e dar passagem, para reconhecer e sublimar, sem que o
impulso se converta em comportamento, sem que seja exteriorizado, sem atentar
contra o livre arbítrio do outro.
Percebam, não se trata
de reprimir. Trata-se de ver, de ver profundamente o impulso, de reconhece-lo
em nós, sem, entretanto, projetá-lo no outro. Trata-se de oferecer a si mesmo
amor e compreensão nos momentos de maior humanidade.
Dar 100% de si, estar
inteiro e consciente em todas as situações.
Dar a essa vida o que
não foi possível oferecer às demais.
Dar a si mesmo o abraço que faltou nas noites mais escuras.
Nada acontece apenas
em uma dimensão, muito menos quando agimos de forma presente e consciente.
Hoje, todos os meus atos, até mesmo os mais simples, são dedicados a todas as
minhas existências e a todos os meus corpos. Eu reconheço a minha
atemporalidade e eu crio a possibilidade de varrer a poeira da casa,
organizando o meu corpo mental; de lavar a louça limpando o meu corpo
emocional; de amar, de libertar e de extrair o melhor de cada um no meu
caminho, curando todas as relações já vividas.
Assim, eu escolho
fazer no hoje e reverberar no sempre.
Amor é consciência.
Simples e claro. Compartilhando e esperando que meus amados leiam...ainda que saiba que cada um tem seu tempo no caminho da evolução! Grata querida
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