Todos desejamos ver
mudanças. Alguns de nós desejam até mesmo promovê-las, mas nos faltam
instrumentos.
Não sabemos exatamente
o que fazer. Sentimo-nos ignorantes frente aos mistérios da manifestação.
Como tudo o que há,
isso também tem uma razão de ser. A tão almejada liberdade para ser, para
criar, para manifestar, é (e só pode ser) fruto de uma profunda lapidação
interna.
Estamos em uma escola,
na qual o tempo – do qual tanto reclamamos – é nosso parceiro. Ele nos concede
a graça de podermos nos arrepender dos nossos desejos, tantas vezes fundados no
ego e nos instintos.
Imaginem como seria se
todos os nossos desejos tivessem sido realizados? Quantos deles teriam por base
a vontade verdadeira da nossa alma e quantos teriam por base a nossa criança
pirracenta, os desejos do nosso eu inferior?
Isso significa que
tudo o que existe em nossas vidas é fruto de muita disciplina, de muita
sustentação energética – consciente ou inconsciente (via de regra inconsciente,
criações do ego para justificar as crenças limitantes que permeiam a nossa
vida). Nenhum casamento, de repente, acabou. Nenhum ano da escola, de repente,
foi perdido.
Perceber como
participamos ativamente das manifestações da nossa vida, sejam elas boas ou
ruins, é um ponto crucial para a nossa mudança de comportamento. Aqui reside a
chave da autorresponsabilidade, a nossa passagem para longe da terra da
vitimização, que nos mantém reféns dos nossos vícios e padrões.
O trabalho do Eu
Inferior é obrigatório para que conquistemos a liberdade.
Em uma das obras do
Pathwork, “O Guia” menciona que existem dois princípios básicos, os mais
básicos de todos, que regem tudo o que há no universo. São a ativação e a
aceitação.
A ativação consiste na
ação deliberada, princípio ativo masculino. O ato de criar, de reivindicar, de
provocar e direcionar uma força para uma finalidade.
A aceitação, ou
princípio ativo feminino, nada mais é que o entregar-se, permitir o fluir da
força posta em movimento, esperar com paciência e confiança.
Ambos os princípios
estão presentes em todos os homens e todas as mulheres e não existe
desequilíbrio de uma energia, sem que haja o desequilíbrio da outra.
O não agir, o
terceirizar responsabilidade, o medo da vida, o fugir à prestação de contas, a
submissão às vontades dos outros. Desequilíbrio.
O não confiar, o não
saber esperar, o imediatismo, a ansiedade, a contenção do fluxo outrora posto
em movimento, impedindo a manifestação. Desequilíbrio.
Conta, “O Guia”, que em
muitas vidas nós acionamos as energias por meio de impulsos de agressividade,
de brutalidade, de medo, e causamos muita destruição.
Assim, em outra vida,
a fim de voltarmos ao equilíbrio, retornamos ao planeta com um grave
desequilíbrio no outro aspecto, extremamente submissos, com a nossa força ativa
completamente contida.
Quantas vidas mais
sustentaremos desequilíbrios?
Quantas vidas mais
temeremos as nossas próprias criações?
Quantas vidas mais nos
recusaremos a assumir a responsabilidade pelo desenrolar das nossas vidas?
Estaria, o nosso
inconsciente, ainda imerso em tanto negativismo, em tanta agressividade, em
tanta hostilidade, para que tenhamos tanto medo dos nossos impulsos criativos?
Quais são os elementos
que compõem a nossa psique? Onde tem estado a nossa atenção? Em que temos
focado o nosso pensamento? Quais são os nossos gatilhos? Quais são os nossos
excessos? Quais os padrões que reproduzimos? Podemos estar seguros em nossas
criações, ou ainda há o que ser visto, limpo, purificado?
Essa é a hora. Não há
mais tempo.
Eis o trabalho com a
nossa energia masculina: readquirir segurança para o uso deliberado de uma
força para uma finalidade.
Eis o trabalho com a
nossa energia feminina: ter paciência para sustentar a energia posta em
movimento, confiando que seguirá o seu caminho legítimo até a conclusão, até a
sua maturação, no tempo de Deus.
Os seres precisam ser
capazes de autodeterminação, de reivindicar o seu direito de serem felizes.
Nesse sentido, o equilíbrio dos princípios criativos (ativação e aceitação),
corresponde a grande parte desse trabalho, que, seguramente, acontece por meio
das nossas relações mais íntimas. É por meio delas traçamos o nosso caminho de
transcendência da dualidade.
Observem e
observem-se.
Que esta seja a vida
em que escolhemos agir em amor (entendido como consciência da unidade), e não
mais em padrões de desequilíbrio que se alternam vida após vida.
Para finalizar, alguns
trechos do livro “Criando União”, de Eva Pierrakos e Judith Saly:
“(...)“E dois serão um”
– essas palavras, tantas vezes ouvidas na cerimônia nupcial, referem-se a muito
mais do que ao início da vida comum de duas pessoas. Trata-se de uma afirmação
cósmica. “Dois” – a dualidade – é a condição básica da nossa existência na
Terra, e “Um” é o estado de unidade do qual nos distanciamos e para o qual
ansiamos voltar.
(...)
A transformação
daquilo que, dentro de nós, é a causa da separação, da nossa incapacidade de
ter um bom relacionamento e permitir que o amor flua sem entraves, é a meta do
trabalho do caminho do relacionamento.
(...)
Nossa ânsia por uma
união mais profunda no amor com o outro é irresistivelmente poderosa graças à
sua importância cósmica. Aqui vemos a ligação entre a nossa vida individual e
temporal e a realidade maior que nos engloba.
Lembrem-se de que todo
o plano da evolução trata da união, da junção das consciências individuais,
pois só assim é possível abrir mão da separatividade. A união com uma ideia abstrata,
com um Deus intangível ou concebido como um processo cerebral, não é uma união
verdadeira. Apenas o contato real de uma pessoa com outra estabelece, na
personalidade como um todo, as condições que constituem os pré-requisitos da
verdadeira união e unidade interiores. Portanto, esse impulso manifesta-se como
uma grande força, atraindo uns para os outros, tornando a separação dolorosa e
vazia. A força vital, portanto, é permeada desse impulso em direção aos outros,
e também de prazer supremo. Vida e prazer são uma coisa só. A vida, o prazer, o
contato com os outros, a união com os outros são a meta do plano cósmico.
(...)
Com a ativação
deliberada do poder criativo no máximo de seu potencial, pois vocês já não
temem a própria destrutividade e confiam nos poderes universais que levarão a
cabo, no devido tempo, aquilo que, intencionalmente, colocaram em movimento,
desaparece o medo de entregar-se a um poder maior do que o voluntarioso ego-eu,
e assim surge a capacidade de amar.
(...)
O desejo de
entregar-se à vida nunca representará um risco de empobrecimento.”
Que lindo, posso copiar esse texto e utilizá-lo?
ResponderExcluirOs textos são para serem compartilhados sempre. <3
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