De fato, existem
tantas verdades, quanto há pessoas.
Cada um, portando um
conjunto complexo de características e vivências, enxerga as situações e o
mundo de uma maneira muito individual – e às vezes muito sofrida.
Isso porque as
pessoas, salvo raras exceções, não costumam falar sobre as más experiências,
sobre as emoções mais primitivas, sobre as dores, sobre os medos, sobre os traumas
que condicionam o seu agir no presente.
Acabamos abraçados à
mochila das vergonhas, sem, jamais, abri-la em meio às outras pessoas. Isso nos
faria indignos de amor, de confiança, de respeito.
Então, passamos pela
vida e pelas pessoas conversando sobre amenidades, ou pior, sobre as vergonhas
alheias. Expomos a vulnerabilidade alheia para, creio eu, construirmos uma
imagem de perfeição em torno de nós mesmos. Somos mulheres mais corretas, somos
homens mais dedicados, somos profissionais mais honestos, somos os filhos mais
disponíveis.
Quanto mais damos
força a essa incoerência, mais azedos e reféns da nossa imagem ficamos.
Khalil Gibran*
escreveu uma vez que se os homens sentassem em roda e passassem a confessar os
seus “pecados”, ririam uns dos outros por falta de originalidade.
Essa mochila – da qual
você se envergonha tanto – é a mesma que eu carrego.
Hoje ela é mais leve
porque algumas pessoas já me ajudaram a carregá-la e desempacotá-la pelo
caminho: uma a uma, mão com mão, olho no olho e vários “eu sei o que você está
passando, porque eu já estive aí", "não se envergonhe, eu também sinto isso”.
Muitas vezes nós só
precisamos nos enxergar sob uma nova perspectiva.
O que fazemos com
perfeição e convicção não nos traz mais aprendizado, é serviço.
Os nossos deslizes
são, portanto, os pontos para os quais devemos olhar com mais amor, com mais
acolhimento, porque são as experiências desejadas pela nossa alma.
Rejeitá-los, excluí-los,
escondê-los, apenas fará com que, no futuro, retornem com maior potência.
Pergunte-se: por que é
BOM que isso está acontecendo comigo? O que essa situação está me mostrando?
Qual parte da minha escuridão ela está trazendo à luz? Qual parte da minha vida
precisa de uma mudança?
A resposta virá de dentro,
mas, na grande maioria das vezes, estimulada por trocas de experiências.
Estabeleça com as
pessoas relações de confiança. Tenha conversas valorosas, sinceras, abertas. Sinta
as pessoas, em vez de simplesmente ouvi-las. Conecte-se. Entregue-se às
relações e, aos poucos, afrouxe os nós, permitindo acesso àquilo que está
gritando dentro de você – e perceba o que grita dentro do outro.
Cada pessoa à sua
volta é uma importante chave. Você é uma importante chave: o seu ponto de vista
ninguém mais tem.
O que você guarda é o
que te prende.
Eu adoraria ouvir.
*“If we were to
all sit in a circle and confess our sins, we would lauggh at each other for lack
of originality”.
Perfeito Guria. Viajamos na nave Terra para aprender a não precisar carregar a mochila.
ResponderExcluirMaravilhosa Reflexão...
ResponderExcluirMaravilhosa Reflexão...
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