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terça-feira, 1 de março de 2022

Círculos viciosos



Era uma vez uma alma pura e plenamente consciente. Perfeita.

Dentre milhares de possibilidades, escolheu a mais desafiadora: mergulhar em uma certa faixa de realidade e dar vida a corpos densos, em curtas e sucessivas experiências. A cada novo enredo, um profundo esquecimento dos anteriores.

Por que? 

Com qual finalidade ou objetivo?

O que poderia faltar a uma alma perfeita?

Talvez experiência. Talvez diversão. Talvez expansão.

Somos seres divinos que cruzam o espaço-tempo coletando experiências, mas sabemos pouco sobre as nossas motivações.

Por algum motivo, centenas de milhares de almas animam corpos de terceira dimensão e, em cada um dos ciclos, submetem-se às mais diversas experiências - talvez verdadeiros círculos viciosos.

Acumulamos informações em nossos elétrons, em nossos genes, em nosso perispírito e no campo morfogenético que nos conecta uns aos outros e a tudo mais o que existe.

Em determinado nível, não há nada que não nos seja comum.

Não precisamos de plena consciência para percebermos que, em sua maior parte, a história da humanidade vem sendo construída por experiências de dor.

Nossas almas - guardiãs dos "porques" - confiaram aos nossos egos humanos a responsabilidade por discernir o "como". 

Entretanto, de forma repetitiva, projetamos os nossos conflitos internos no mundo. Lutamos batalhas silenciosas contra inimigos imaginários, sem assumir responsabilidade alguma pelo ambiente de tensão que alimentamos.

Cada um, em seu universo particular, toma contato diário com as dores do mundo, mas raramente consegue lidar com elas. Caminhamos alternando os papeis de agressor e agredido, de culpado e vítima (quanta energia desperdiçada!). 

Nossa realidade não é antagônica às nossas vidas pessoais. É sinérgica.

Estamos, todos, de costas para a luz e face a face com a escuridão.

O que está ao meu alcance corresponde ao meu quinhão.




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