Era 04.04.2020.
Um puro 4.
Eu associei aos quatro elementos, à base da pirâmide e senti vontade de me conectar com a Terra.
Deitei na grama e comecei a ouvir cigarras cantando, como se fosse primavera. A amoreira também está frutificando novamente e os pernilongos reapareceram. Parecia-me que algo na natureza não havia dado lugar ao outono e em vez de "morrer", percebeu ser o momento propício para uma injeção de força vital.
Quando a mente desistiu de compreender o ritmo da natureza e o corpo começou a pesar no chão, sentindo a força da gravidade colá-lo ao corpo do planeta, senti-o enraizar e, ao mesmo tempo, brotar.
As raízes cresciam em sintonia absoluta com o pequeno caule que se formava.
Algo me tirou do transe. Era uma árvore, a mais alta do bosque ao lado. Foi como se, por um instante, trocássemos de lugar e, do alto da copa, eu pudesse ver o meu corpo deitado no gramado.
Quando voltei a fechar os olhos recebi uma sequência de imagens.
A primeira foi do meu cachorro pulando para arrancar os galhos dos podocarpos. Os galhos eram arrancados e as árvores permaneciam firmes, mal se curvavam.
A segunda, de uma árvore que foi recentemente plantada em uma das esquinas que eu sempre passo. Comprida, fina e, apesar de sustentada por uma estaca, curvada a ponto de sua pequena copa quase tocar o solo.
Qual era a conexão entre as imagens?
Minhas raízes e o meu caule voltaram a crescer. Eu sentia o movimento da vida.
Quando o vento balançava os meus galhos, eu sentia as minhas raízes se contraindo de forma a ficarem mais presas à terra.
Era uma sensação parecida com estar à beira do mar e sentir a água levando a areia abaixo dos pés, forçando os dedos para baixo para voltar a encontrar sustentação.
Nessa visualização, eu era uma árvore forte, que havia crescido no seu próprio ritmo e com as suas próprias forças. Uma árvore que podia contar com as suas raízes.
Por outro lado, a árvore que cresceu desordenadamente e com o apoio de muletas, não encontrou a sua própria força. Quando for privada de seus suportes externos, certamente não terá condições de se manter em pé sozinha.
Ganhar altura sem ter profundidade.
Buscar uma rápida evolução sem ter as bases firmes.
Não viver as suas próprias experiências de conexão com a vida.
Não conhecer a própria força e nem saber como acessá-la.
Foi inesquecível e cheia de significado a experiência de ser o meu próprio centro e o meu suporte, de ter capacidade de encontrar nutrição e conexão, de poder sentir o vento levando as minhas folhas, confiando que o necessário (a estrutura) permaneceria sempre intacto e protegido.
Que, como a árvore, ser e coexistir seja o meu propósito.
Que eu respeite o meu ritmo de crescimento, reforçando as bases na mesma medida em que absorvo conhecimento.
Que a força que faz eu sentir os meus pés firmes sobre a Terra seja sempre reconhecida como amor.
Que eu seja sombra, nutrição e abrigo.
Eu Árvore.
Um puro 4.
Eu associei aos quatro elementos, à base da pirâmide e senti vontade de me conectar com a Terra.
Deitei na grama e comecei a ouvir cigarras cantando, como se fosse primavera. A amoreira também está frutificando novamente e os pernilongos reapareceram. Parecia-me que algo na natureza não havia dado lugar ao outono e em vez de "morrer", percebeu ser o momento propício para uma injeção de força vital.
Quando a mente desistiu de compreender o ritmo da natureza e o corpo começou a pesar no chão, sentindo a força da gravidade colá-lo ao corpo do planeta, senti-o enraizar e, ao mesmo tempo, brotar.
As raízes cresciam em sintonia absoluta com o pequeno caule que se formava.
Algo me tirou do transe. Era uma árvore, a mais alta do bosque ao lado. Foi como se, por um instante, trocássemos de lugar e, do alto da copa, eu pudesse ver o meu corpo deitado no gramado.
Quando voltei a fechar os olhos recebi uma sequência de imagens.
A primeira foi do meu cachorro pulando para arrancar os galhos dos podocarpos. Os galhos eram arrancados e as árvores permaneciam firmes, mal se curvavam.
A segunda, de uma árvore que foi recentemente plantada em uma das esquinas que eu sempre passo. Comprida, fina e, apesar de sustentada por uma estaca, curvada a ponto de sua pequena copa quase tocar o solo.
Qual era a conexão entre as imagens?
Minhas raízes e o meu caule voltaram a crescer. Eu sentia o movimento da vida.
Quando o vento balançava os meus galhos, eu sentia as minhas raízes se contraindo de forma a ficarem mais presas à terra.
Era uma sensação parecida com estar à beira do mar e sentir a água levando a areia abaixo dos pés, forçando os dedos para baixo para voltar a encontrar sustentação.
Nessa visualização, eu era uma árvore forte, que havia crescido no seu próprio ritmo e com as suas próprias forças. Uma árvore que podia contar com as suas raízes.
Por outro lado, a árvore que cresceu desordenadamente e com o apoio de muletas, não encontrou a sua própria força. Quando for privada de seus suportes externos, certamente não terá condições de se manter em pé sozinha.
Ganhar altura sem ter profundidade.
Buscar uma rápida evolução sem ter as bases firmes.
Não viver as suas próprias experiências de conexão com a vida.
Não conhecer a própria força e nem saber como acessá-la.
Foi inesquecível e cheia de significado a experiência de ser o meu próprio centro e o meu suporte, de ter capacidade de encontrar nutrição e conexão, de poder sentir o vento levando as minhas folhas, confiando que o necessário (a estrutura) permaneceria sempre intacto e protegido.
Que, como a árvore, ser e coexistir seja o meu propósito.
Que eu respeite o meu ritmo de crescimento, reforçando as bases na mesma medida em que absorvo conhecimento.
Que a força que faz eu sentir os meus pés firmes sobre a Terra seja sempre reconhecida como amor.
Que eu seja sombra, nutrição e abrigo.
Eu Árvore.
Que LINDO...VERDADEIRO
ResponderExcluirDe todos os textos que eu li, esse é um dos que mais ressoa comigo...
ResponderExcluirTão real, tão cheio de significado.
Gratidão por esse texto
Divina Talita...