As experiências têm o
peso que nós mesmos as damos.
Nós as qualificamos
como boas ou más, como acertos ou erros.
Vivemos como se
houvesse, em cima da nossa cabeça, um potinho cujo interior é visível para quem
quer que nos olhe. Nesse potinho guardamos todos os bônus que adquirimos por
meio dos (assim chamados) acertos, como se deles dependesse o nosso grau de
dignidade e merecimento.
Vivemos nos esforçando
para exibir esse potinho cheio de bônus.
Os “erros”? Quem, eu?
No fundo da mochila, em
um compartimento secreto, há um papel velho, dobrado mil vezes. Sabemos que ele
está lá.
Tudo o que nos
envergonha. Tudo o que nos diminui o valor. Tudo o que nos torna indignos dos
relacionamentos que temos e das bênçãos de Deus. Tudo o que nos mantém em
constante débito.
Mas será mesmo que
todo o nosso valor está no potinho cheio de bônus? Será que o nosso aprendizado
reside, de fato, nos “bons” atos que praticamos apenas para enchê-lo e exibi-lo?
Ou será que há algum valor nas
experiências que, indevidamente, qualificamos negativamente?
Não há nada que me
conecte mais a um ser humano, do que ser convidada a ler o papelzinho das
experiências “mal qualificadas” e ver o quanto elas foram determinantes para o
aprimoramento daquele ser – muito mais que os “acertos” socialmente
programados.
Ontem, sozinha na
piscina, eu estava digerindo uma experiência que me trouxe de volta essas
reflexões.
Com a água até o
pescoço, eu abri as mãos com as palmas voltadas para cima, uma ao lado da
outra.
O sol refletia na
água enquanto eu olhava fixamente para as minhas mãos. Eu podia perceber que, na
superfície, havia movimento, enquanto no fundo (onde estavam as minhas mãos
abertas) havia calmaria.
Uma mancha de óleo
bronzeador passava quase despercebida, um mosquitinho ou outro, folhas, vento.
Assim são as nossas
experiências em relação ao nosso ser.
A maioria delas acontece
na superfície, enquanto o ser permanece intacto.
Quanto mais profundas
(e aqui não me refiro à dor, mas à intensidade da presença e da entrega), mais
alma elas têm.
Mas nenhuma (NENHUMA)
é capaz de desqualificar o ser. Nenhuma é capaz de nos fazer perder a dignidade.
Nenhuma retira de nós o merecimento.
Quanto de nós estava
presente nas tentativas de atingir as expectativas das outras pessoas? E quanto de nós
estava presente quando nos demos conta de que machucamos alguém que nos é caro?
Que estejamos, então,
presentes em nossa vida, para que possamos criar profundidade nos aprendizados
amorosos – e não apenas nos dolorosos.
Que sejamos maduros e
presentes o suficiente para compreendermos as lições por meio do amor.
Que paremos de
qualificar as experiências e que paremos de praticar “bons” atos apenas para colocá-los
na estante.
Que os nossos dias
tenham significado.
Que haja vida. Que
haja movimento. Que haja percepção. Que haja observação. Que haja gratidão.
Que haja amor, ainda
que haja dor – até que reste apenas amor.
😓💓
ResponderExcluirMEU AMOR, MEU PARCEIRO, MEU PROFESSOR.
Excluir😍❤😍❤😍❤😍
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